Cinco Votos para Obter Poder Espiritual.

Primeiro - Trate Seriamente com o Pecado. Segundo - Não Seja Dono de Coisa Alguma. Terceiro - Nunca se Defenda. Quarto - Nunca Passe Adiante Algo que Prejudique Alguém. Quinto - Nunca Aceite Qualquer Glória. A.W. Tozer

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Seis componentes do arrependimento

 
O arrependimento é uma graça do Espírito de Deus por meio da qual um pecador é humilhado em seu íntimo e transformado em seu exterior. A fim de proporcionar melhor entendimento, saiba que o arrependimento é um remédio espiritual formado de seis componentes especiais… Se um for deixado fora, o arrependimento perde o seu poder.
Componente 1: Percepção do pecado. A primeira parte do remédio de Cristo são olhos abertos (At 26.18). Este é um dos fatos importantes a observarmos no arrependimento do filho pródigo: ele caiu em si (Lc 15.17). Ele se viu como pecador e nada mais do que um pecador. Antes que um homem venha a Cristo, ele tem primeiramente de vir a si mesmo. Em sua descrição de arrependimento, Salomão considerou isto como o primeiro componente: “Caírem em si” (1 Rs 8.47). Uma pessoa deve, antes de tudo, reconhecer e considerar o que é o seu pecado e conhecer a praga de seu coração, antes que seja devidamente humilhado por ela. A primeira coisa que Deus criou foi a luz. Portanto, a primeira coisa que deve haver em uma pessoa arrependida é a iluminação. “Agora, sois luz no Senhor” (Ef 5.8). Os olhos são feitos tanto para ver como para chorar. Antes de lamentarmos pelo pecado, temos de vê-lo. Disso, podemos inferir que, onde não percepção do pecado, não pode haver arrependimento. Muitos que acham falhas nos outros não vêem nenhum erro em si mesmos… Pessoas são vendadas por ignorância e amor próprio. Por isso, não vêem o que deforma a sua alma. O Diabo faz com elas como o falcoeiro faz à sua ave: ele as cega e as leva encapuzadas ao inferno.
Componente 2: Tristeza pelo pecado. “Suporto tristeza por causa do meu pecado” (Sl 38.18). Ambrósio chamava essa tristeza de amargura da alma. A palavra hebraica que se traduz por ficar triste significa “ter a alma, por assim dizer, crucificada”. Isso precisa estar presente no verdadeiro arrependimento. “Olharão para aquele a quem traspassaram… e chorarão” (Zc 12.10), como se sentissem os cravos da cruz penetrando o seu lado. Uma mulher pode esperar ter um filho sem dores, assim como alguém pode esperar arrepender-se sem tristeza. Aquele que crê sem duvidar, põe sob suspeita a sua fé; aquele que se arrepende sem entristecer-se nos deixa incertos de seu arrependimento… Esta tristeza pelo pecado não é superficial; é uma agonia santa. Nas Escrituras, ela é chamada de quebrantamento de coração: “Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus” (Sl 51.17); um rasgamento do coração: “Rasgai o vosso coração” (Jl 2.13). As expressões bater no peito (Jr 31.19; Lc 18.13), cingir o cilício (Is 22.12), arrancar os cabelos (Ed 9.3) – todas essas expressões são apenas sinais exteriores de tristeza.
Essa tristeza implica (1) tornar a Cristo precioso. Oh! quão precioso é o Salvador para uma alma atribulada! Agora, Cristo é, de fato, Cristo; e a misericórdia é realmente misericórdia. Enquanto o coração não estiver repleto de compunção, ele não estará pronto para o arrependimento. Quão bem-vindo é um cirurgião para um homem que sangra por suas feridas! (2) Implica repelir o pecado. O pecado gera tristeza, e a tristeza mata o pecado… A água salgada das lágrimas mata o verme da consciência. (3) Implica preparar-se para receber firme consolo. “Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão” (Sl 126.5). O penitente tem uma semeadura de lágrimas, mas uma colheita deliciosa. O arrependimento rompe os abscessos do pecado, e, em seguida, a alma fica tranqüila… O ato de Deus em afligir a alma por causa do pecado é como o agitar da água que trazia cura, no tanque (Jo 5.4)
Contudo, nem toda tristeza evidencia o verdadeiro arrependimento… o que é esse entristecer piedoso? Há seis descrições:
1. A verdadeira tristeza espiritual é interior. É interior em duas maneiras: (1) é uma tristeza de coração. A tristeza dos hipócritas evidencia-se somente em sua face. “Desfiguram o rosto” (Mt 6.16). Mostram um rosto melancólico, mas a tristeza deles não vai além disso, como o orvalho que umedece a folha, mas não penetra a raiz. O arrependimento de Acabe foi uma exibição exterior. Seus vestidos foram rasgados, mas não o seu espírito (1 Rs 21.27). A tristeza segundo Deus avança mais além; é como uma veia que sangra internamente. O coração sangra por causa do pecado – “Compungiu-se-lhes o coração” (At 2.37). Assim como o coração tem a parte principal no ato de pecar, o mesmo deve acontecer no caso do entristecer-se. Paulo lamentava por causa da lei em seus membros (Rm 7.23). Aquele que lamenta verdadeiramente o pecado se entristece por conta das incitações do orgulho e da concupiscência. Ele se entristece por causa da “raiz de amargura”, embora ela nunca prospere até ao ponto de levá-lo a agir. Um homem ímpio pode sentir-se atribulado por pecados escandalosos; um verdadeiro convertido lamenta os pecados do coração.
2. A tristeza espiritual é sincera. É a tristeza pela ofensa, e não pela punição. A lei de Deus foi infringida, e seu amor, abusado. Isso leva a alma às lágrimas. Uma pessoa pode ficar triste e não se arrepender. Um ladrão fica triste quando é apanhado, mas não por causa do roubo, e sim porque tem de sofrer a pena… A tristeza piedosa se expressa principalmente por causa da transgressão contra Deus. Portanto, se não houvesse uma consciência a ferir, uma diabo a acusar, um inferno para servir de castigo, a alma ainda se sentiria triste por causa da ofensa praticada contra Deus… Oh! que eu não ofenda o meu bom Deus, nem entristeça o meu Consolador! Isso parte o meu coração!…
3. A tristeza espiritual Deus é repleta de confiança. É mesclada com fé… A tristeza bíblica afundará o coração, se a roldana da fé não o erguer. Assim como o nosso pecado está sempre diante de Deus, assim também a promessa de Deus tem de estar sempre diante de nós…
4. A tristeza espiritual é uma grande tristeza. “Naquele dia, será grande o pranto em Jerusalém, como o pranto de Hadade-Rimom” (Zc 12.11). Dois sóis se puserem no dia em que Josias morreu, e houve um enorme lamento fúnebre. A tristeza pelo pecado deve chegar a esse nível.
5. A tristeza espiritual é, em alguns casos, acompanhada de restituição. Aquele que, por injustiça, errou contra outrem, em seus bens, lidando com fraude, deve em sã consciência realizar a compensação. Há um mandamento claro quanto a isso: “Confessará o pecado que cometer; e, pela culpa, fará plena restituição, e lhe acrescentará a sua quinta parte, e dará tudo àquele contra quem se fez culpado” (Nm 5.7). Por isso, Zaqueu fez restituição: “Se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais” (Lc 19.8).
6. A tristeza espiritual é permanente. Não são algumas lágrimas derramadas ocasionalmente que servirão. Alguns derramarão lágrimas ao ouvirem um sermão, mas isso é como uma chuva de abril – logo acaba – ou como uma veia aberta e fechada novamente. A verdadeira tristeza tem de ser habitual. Ó cristão, a doença de sua alma é crônica, e a recaída, freqüente. Portanto, você tem de tratar-se com remédio continuamente, por meio do arrependimento. Essa é a tristeza “segundo Deus”.
Componente 3: Confissão de pecado. A tristeza é um sentimento tão forte, que terá expressões. Suas expressões são lágrimas nos olhos e confissão nos lábios. “Os da linhagem de Israel… puseram-se em pé e fizeram confissão dos seus pecados” (Ne 9.2). Gregório de Nazianzo chamou a confissão de “um bálsamo para a alma ferida”.
A confissão é auto-acusadora. “Eu é que pequei” (2 Sm 24.17)… E a verdade é que por meio desta auto-acusação impedimos Satanás de acusar-nos. Em nossas confissões, nos identificamos com orgulho, infidelidade e paixão. Assim, quando Satanás, chamado de acusador dos irmãos, lançar essas coisas contra nós, Deus lhe replicará: “Eles já acusaram a si mesmos. Então, Satanás, você está destituído de motivos legítimos; suas acusações surgiram muito tarde…” Agora, ouça o que diz o apóstolo Paulo: “Se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados” (1 Co 11.31).
Entretanto, homens ímpios, como Judas e Saul, não confessaram seus pecados? Sim, mas as suas confissões não eram verdadeiras. Para que a confissão de pecado seja correta e genuína, estas… qualificações precisam estar presentes:
1. A confissão tem de ser espontânea. Tem de surgir como a água que brota do manancial, livremente. A confissão do ímpios é obtida à força, como a confissão de um homem sob tortura. Quando uma faísca da ira de Deus atinge a consciência dos ímpios ou estão sob o temor da morte, eles se prostrarão em confissão… Mas a verdadeira confissão flui dos lábios tal como a mirra jorra da árvore ou o mel da colméia, espontaneamente…
2. A confissão tem ocorrer com contrição. O coração precisa ressentir profundamente o pecado. As confissões de um homem natural procede de seu íntimo assim como uma água que passa por um cano. Elas não o afetam de maneira alguma. Mas a confissão verdadeira deixa impressões que pungem o coração. Ao confessar seus pecados, a alma de Davi sentiu-se sobrecarregada: “Já se elevam acima de minha cabeça as minhas iniqüidades; como fardos pesados, excedem as minhas forças” (Sl 38.4). Uma coisa é confessar o pecado, outra coisa é sentir o pecado.
3. A confissão tem de ser sincera. Nosso coração precisa estar em harmonia com a confissão. O hipócrita confessa o pecado, mas o ama, assim como um ladrão que confessa os bens roubados e continua a amar o roubo. Quantos confessam o orgulho e a cobiça, com seus lábios, mas se deleitam neles ocultamente… Um verdadeiro cristão é mais honesto. Seu coração anda em harmonia com usa língua. Ele é convencido dos pecados que confessa e detesta os pecados dos quais é convencido.
4. Na confissão verdadeira, o crente especifica o pecado. O ímpio reconhece que é um pecador como todos os outros. Ele confessa o pecado de maneira geral… Um verdadeiro convertido reconhece seus pecados específicos. Ele se comporta à semelhança de uma pessoa enferma que vai ao médico e lhe mostra as feridas, dizendo: “Levei um corte na cabeça, recebi um tiro no braço”. O pecador entristecido confessa as diversas imperfeições de sua alma… Por meio de uma inspeção diligente de nosso coração, podemos achar alguns pecados específicos que tratamos com indulgência. Confessemos com lágrimas esses pecados, indicando-os pelo nome.
5. Um pessoa verdadeiramente arrependida confessa o pecado em sua fonte. Ela reconhece a contaminação de sua natureza. O pecado de nossa natureza não é somente uma falta do bem, mas também uma infusão do mal… Nossa natureza é um abismo e uma fonte de todo mal, dos quais procedem os escândalos que infestam o mundo. É essa depravação de natureza que envenena nossas coisas santas. Isso traz os juízos de Deus e paralisa em sua origem as nossas misericórdias. Oh! Confesse o pecado em sua fonte!…
Componente 4: Vergonha pelo pecado. O quarto componente no arrependimento é a vergonha. “Para que… se envergonhe das suas iniqüidades” (Ez 43.10). O envergonhar-se é a força da virtude. Quando o coração se enegrece por causa do pecado, a graça faz o rosto envergonhar-se com rubor – “Estou confuso e envergonhado, para levantar a ti a face” (Ed 9.6). O filho pródigo, arrependido, ficou tão envergonhado de seus excessos que se julgava indigno de ser, outra vez, chamado filho (Lc 15.21). O arrependimento causa um acanhamento santo. Se Cristo não estivesse no coração do pecador, não haveria tanta vergonha se expressando no rosto. Há… algumas considerações sobre o pecado que nos causa vergonha:
1. Todo pecado nos torna culpados, e a culpa nos deixa envergonhados.
2. Em todo pecado, há muita ingratidão. E essa é a razão da vergonha. Abusar da bondade de Deus, como isso nos envergonha!… Ingratidão é um pecado tão grave, que Deus mesmo se admira dele (Is 1.2).
3. O pecado mostra o que somos, e isso nos causa vergonha. O pecado nos rouba as vestes de santidade. E nos deixa destituídos de pureza, deformados aos olhos de Deus; e isso nos envergonha…
4. Nossos pecados expuseram Cristo à vergonha. E não nos envergonharemos deles? Vestimos a púrpura; não vestiremos o carmesim?
5. Aquilo que nos deixa envergonhados é o fato de que os pecados que cometemos são piores do que os pecados dos incrédulos. Agimos contra a luz que possuímos.
6. Nossos pecados são piores do que os pecados dos demônios. Os anjos caídos nunca pecaram contra o sangue de Cristo. Cristo não morreu por eles… Com certeza, se sobrepujamos o pecado dos demônios, isso deve nos causar muita vergonha.
Componente 5: Ódio pelo pecado. O quinto componente do arrependimento é o ódio pelo pecado. Os eruditos distinguem dois tipos de ódio: o ódio das iniqüidades e o ódio da inimizade.
Primeiramente, há um ódio ou abominação das iniqüidades. “Tereis nojo de vós mesmos por causa das vossas iniqüidades e das vossas abominações” (Ez 36.31). Um cristão verdadeiramente arrependido é alguém que detesta o pecado. Se uma pessoa detesta aquilo que faz seu estômago adoecer, ela deve, com muito mais intensidade, detestar aquilo que deixa enferma a sua consciência. É mais fácil abominar o pecado do que deixá-lo… Não amamos a Cristo enquanto não odiamos o pecado. Nuca anelamos o céu enquanto não detestamos o pecado.
Em segundo, há um ódio da inimizade. Não há melhor maneira de descobrir vida do que por meio do movimento. Os olhos se movem, o pulso bate. Portanto, para constatar o arrependimento, não há sinal melhor do que uma antipatia santa para com o pecado… O arrependimento correto começa no amor a Deus e termina no ódio ao pecado.
Como podemos discernir o verdadeiro ódio para com o pecado?
1. Quando a pessoa se mantém resoluta contra o pecado. A língua lamenta amargamente o pecado, e o coração o odeia, de modo que, embora o pecado se apresente de forma atraente, nós o achamos detestável e o abominados com ódio mortal, sem levarmos em conta a sua aparência agradável… O diabo pode vestir e disfarçar o pecado com prazer e proveito, mas um verdadeiro penitente, que tem ódio secreto pelo pecado, sente repulsa e não se envolverá nele.
2. O verdadeiro ódio pelo pecado é abrangente. Isso se aplica a dois aspectos: no que diz respeito às faculdades e ao objeto. (a) O ódio pelo pecado é abrangente no que concerne às faculdades da alma, ou seja, há um desgosto para com o pecado não somente no juízo, mas também na vontade e nas afeições. Há alguns que são convencidos de que o pecado é maligno e, em seu juízo, têm uma aversão para com ele. Mas acham-no agradável e têm satisfação íntima nele. Nesse caso, há um desprazer do pecado no juízo e um aceitação dele nas afeições. No verdadeiro arrependimento, o ódio pelo pecado está presente em todas as faculdades da alma; não somente no intelecto, mas, principalmente, na vontade. “Não faço o que prefiro, e sim o que detesto” (Rm 7.15). Paulo não era livre do pecado, mas a sua vontade se posicionava contra o pecado. (b) O ódio pelo pecado é abrangente no que concerne ao objeto. Aquele que odeia um pecado odeia todos… Os hipócritas odeiam alguns pecados que mancham sua reputação, mas o verdadeiro convertido odeia todos os pecados: os pecados que produzem vantagem, os pecados resultantes de nossas inclinações naturais, as próprias instigações da corrupção. Paulo odiava as obras do pecado (Rm 7.23).
3. O verdadeiro ódio pelo pecado se manifesta contra o pecado em todas as suas formas. Um coração santo detesta o pecado por causa de sua contaminação natural. O pecado deixa uma mancha na alma. Uma pessoa regenerada aborrece o pecado não somente por causa da maldição, mas também por causa do contágio. Ele odeia essa serpente não somente por causa de sua picada, mas também por causa de seu veneno. Abomina o pecado não somente por causa do inferno, mas como o próprio inferno.
4. O verdadeiro ódio pelo pecado é implacável. O cristão genuíno nunca mais se conciliará com o pecado. A ira pode experimentar conciliação, porém o ódio não pode experimentá-la…
5. Onde há verdadeiro ódio pelo pecado, nos opomos ao pecado em nós mesmos e nos outros. A igreja de Éfeso não podia suportar aqueles que eram maus (Ap 2.2). Paulo repreendeu arduamente Pedro por causa de sua dissimulação, embora este fosse um apóstolo. Com insatisfação santa, Cristo expulsou os cambistas do templo (Jo 2.15). Ele não tolerou que o templo sofresse uma mudança. Neemias repreendeu os nobres por sua usura (Ne 5.7) e pela profanação do sábado (Ne 13.17). Aquele que odeia o pecado não suportará a iniqüidade em sua família – “Não há de ficar em minha casa o que usa de fraude” (Sl 101.7). Que vergonha se manifesta quando os magistrados mostram força de espírito em suas paixões e nenhum heroísmo em suprimir o erro! Aqueles que não tem qualquer antipatia para com o pecado não conhecem o arrependimento. O pecado está neles como o veneno está em uma serpente e, por ser natural, lhe proporciona deleite.
Quão distantes estão do arrependimento aqueles que, ao invés de odiarem o pecado, amam-no! Para os santos, o pecado é um espinho nos olhos; para os ímpios, é uma coroa na cabeça – “Que direito tem na minha casa a minha amada, ela que cometeu vilezas? Acaso, ó amada, votos e carnes sacrificadas poderão afastar de ti o mal? Então, saltarias de prazer” (Jr 11.15). Amar o pecado é pior do que praticá-lo. Um homem bom pode precipitar-se cair em uma atitude pecaminosa, mas amar o pecado é desesperador. O que faz um porco amar o revolver-se na lama? O que faz um demônio amar aquilo que se opõe a Deus? Amar o pecado mostra que a vontade está no pecado; e, quanto mais a vontade estiver no pecado, tanto maior ele será. A obstinação faz com que não haja mais purificação para o pecado (Hb 10.26). Oh! quantos existem que amam o fruto proibido! Amam as imprecações e os adultérios. Amam o pecado e odeiam a repreensão… Portanto, quando os homens amam o pecado, apegam-se àquilo que será a sua morte e brincam com a condenação, isso indica que “o coração dos homens está cheio de maldade” (Ec 9.3). Isso nos persuade a mostrar nosso arrependimento por meio de um ódio amargo para com o pecado…
Componente 6: Converter-se do pecado. O sexto componente no arrependimento é converter-se do pecado… Esse converter-se é chamado de abandonar o pecado (Is 55.7), tal como um homem que abandona a companhia de um ladrão ou de um feiticeiro. É chamado de lançar para longe o pecado (Jó 11.14), como Paulo lançou de si aquela víbora, atirando-a ao fogo (At 28.5). Morrer para o pecado é a vida do arrependimento. No mesmo dia em que o crente se converte do pecado, deve se regozijar com um gozo eterno. Os olhos devem fugir de vislumbres impuros. O ouvido tem de fugir dos escárnios. A língua, do praguejamento. As mãos, dos subornos. Os pés, dos caminho das meretrizes. E alma, do amor à impiedade.
Esse converter-se do pecado implica uma mudança notável. Converter-se do pecado é tão visível, que os outros podem percebê-lo. Por isso, é chamado de uma mudança das trevas para a luz (Ef 5.8). Paulo, depois de ter recebido a visão celestial, ficou tão diferente, que todos se admiraram da mudança (At 9.12). O arrependimento transformou o carcereiro em um enfermeiro e médico (At 16.33). Ele cuidou dos apóstolos, lavou-lhes as feridas e serviu-lhes comida. Um navio se dirige ao leste; e o vento muda seu rumo para o oeste. De modo semelhante, um homem se encaminhava para o inferno, mas o vento contrário do Espírito soprou, mudou o seu rumo e o fez andar em direção ao céu… Essa mudança visível que o arrependimento produz em uma pessoa é como se outra alma se abrigasse no mesmo corpo.
Para identifica corretamente o converter-se do pecado, essas poucas coisas são necessárias:
1. Tem de haver um volver-se sinceramente do pecado. O coração é o primum vivens, a primeira coisa que vive. E tem de ser o primum vertens, a primeira coisa que se volve. O coração é aquilo por que o Diabo se empenha arduamente… No cristianismo, o coração é tudo. Se o coração não é convertido do pecado, ele não passa de uma mentira… Deus quer todo o coração convertido do pecado. O verdadeiro arrependimento não pode ter reservas nem outros ocupantes.
2. Tem de haver um volver-se de todo pecado. “Deixe o perverso o seu caminho” (Is 55.7). Uma pessoa verdadeiramente arrependida abandona o caminho do pecado. Ela deixa todo pecado… Aquele que esconde um subversivo em sua casa é um traidor da nação. E aquele que satisfaz um pecado é um hipócrita traiçoeiro.
3. Tem de haver um volver-se do pecado por motivos espirituais. Um homem pode restringir seus atos de pecados e não converter-se do pecado da maneira correta. Atos de pecados podem ser restringidos por temor ou desígnio, mas uma pessoa verdadeiramente arrependida deixa o pecado com base em um princípio espiritual, ou seja, o amor de Deus… Três homens perguntaram um ao outro o que os fizera abandonar o pecado. Um disse: “Acho que são as alegrias do céu”. Outro respondeu: “Acho que são os tormentos do inferno”. Mas o terceiro disse: “Acho que é o amor de Deus; e isso ainda me faz abandonar o pecado. Como eu ofenderia o amor de Deus?”
 
Extraído de The Doctrine of Repentance, reimpresso por The Banner of Truth Trust.
Fonte: Sítio da Editora Fiel
Via : Monergismo 

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Deixando as crianças escolherem… sua sexualidade?


 

POR JOHN KWASNY | 15 de outubro de 2015


Um recente vídeo no YouTube apresentando a resposta de um pai californiano à decisão de seu filho de ter uma boneca viralizou, tendo milhões de visualizações até agora.  Se formos acreditar nos comentários deixados nesse vídeo de auto-promoção, esse homem está indicado ao próximo prêmio de Pai do Século.  O que ele diz para seu filho que é tão surpreendentemente sábio?  Bem, caso você não tenha visto ainda, permita-me preparar o cenário:  o pai e o filho vão à loja para devolver um brinquedo repetido que o garoto ganhou de aniversário.  Então, o que o garoto escolhe?  Uma boneca da pequena sereia!  Essa escolha singular provoca a seguinte resposta do pai: “Isso aí, Uhu!!”Ele esta emocionado porque seu filho fez tal escolha corajosa!  Então, nosso querido pai prossegue compartilhando sua filosofia de criação de filhos com o mundo: Ele apoiará toda e qualquer decisão que seus filhos fizerem.  Ele os amará, não importa o que aconteça.  E ele até apoiará eles quando eles fizerem escolhas a respeito de sua sexualidade.  Em outras palavras, se seu filho quer escolher “coisas de agora” ou mesmo tornar-se mulher algum dia, esse pai é totalmente a favor.  Obrigado, Bruce Jenner!
Claro, esse mentalidade já existe por décadas.  Mas, nos bons e velhos tempos, esse pai teria sido zombado e chamado de maluco por muitos.  Hoje, ele é considerado legal, compassivo, mente-aberta e corajoso – até um homem de verdade.  Assim, nele e em sua mensagem, nós temos uma convergência de dois enganos satânicos a respeito da criação de filhos: (1) Que amor significa apoiar todas as decisões dos nossos filhos, e (2) que nossos filhos são inerentemente bons, logo sabem o que é melhor para eles.  Vamos analisar esses dois mitos separadamente…
Primeiro, essa geração de pais tende a definir “amor” como nunca ter de dizer “não” para seus filhos.  O pior pecado é fazer seu filho infeliz – ou pior, eles não gostarem de nós!  Assim, nós deixamos nossos filhos escolherem suas comidas, suas roupas, suas atividades, suas agendas – e agora, sua sexualidade.  Quarenta anos atrás, os pais eram ensinados que a maior prioridade era construir a autoestima de seus filhos.  Bem, esse conselho equivocado evoluiu e transformou-se no desejo de destruir qualquer obstáculo à felicidade da criança.
Segundo, os pais de hoje parecem ter abraçado de vez a crença de que seus filhos são essencialmente bons.  Em vez de considerar a verdade do pecado original e da depravação total, geralmente as crianças recebem diversas desculpas para suas más escolhas e comportamento ruim.  Se eu ganhasse um níquel para cada vez que eu ouvisse “ele é basicamente um bom garoto, sabe?” (mesmo entre cristãos), eu teria uma tonelada de níqueis.  Assim, se seus filhos são bons e sabem o que é melhor para eles, eles também sabem que forma de sexualidade é a melhor para eles, certo?  Afinal, quem pode dizer a alguém quem ou o que ele deve amar?  Isso seria quase abuso infantil!  Se meu filho quer uma boneca da Pequena Sereia, ótimo para ele, porque ele (não o pai) sabe o que é o melhor. 
A propósito, os “mente-aberta” e progressivos entre nós estão prestes a cair num grande dilema lógico.  Por anos, temos sido ensinados que não podemos escolher nossa sexualidade – nós nascemos ou heterossexuais, ou homossexuais ou algo mais.  Mas, de repente, as pessoas podem não apenas escolher sua preferência sexual, mas até seu gênero.  O que é isso?  Se é uma escolha, então nós podemos dizer aos homossexuais que eles podem escolher ser heterossexuais?  (Eu sei, eles tentarão sair desse dilema dizendo que só podemos escolher o que nós já somos…)
Eu espero que você entenda que isso é muito maior que apenas dizer aos nossos filhos que eles não deveriam brincar com bonecas.  Nós já passamos disso há tempos.  Em vez disso, como pais cristãos, devemos ativamente ensinar nossos filhos aquilo que a Palavra de Deus diz sobre gênero e sexualidade.  Eles devem aprender que Deus criou homem e mulher à Sua imagem.  Eles devem aprender que somente Deus dita quem eles devem amar e casar, assim como os limites do comportamento sexual.  Não é suficiente assumir que eles aprenderão tudo isso por conta própria.  A cultura está muito saturada com mentiras sobre gênero e sexualidade – e está gritando para eles, em alto e bom tom.
Em última análise, nossos filhos devem ouvir sempre que eles são pecadores com corações tolos.  Deixar nossos filhos tomarem suas decisões sobre gênero e sexualidade não é amar – essa é a definição do dicionário para negligência parental.  Nossos filhos precisam de pais que amorosamente os ensinarão (assim como oferecerão exemplos) o gracioso propósito de Deus para homens e mulheres!
Traduzido por Josaías Jr | Reforma21.org | Original aqui
Via : Reforma 21 

Restaurando o Fervor Espiritual - Hernandes Dias Lopes






quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Lendo o jornal com Habacuque


 

POR ERIK RAYMOND | 13 de outubro de 2015


Estou pregando no livro de Habacuque, e isso tem sido muito instrutivo para mim. Uma área de muito encorajamento tem sido a relação entre os eventos correntes e o plano redentivo de Deus. Penso que isso pode ser particularmente útil quando pensamos nos eventos dos dias de hoje.
Se você não está familiarizado com o livro, deixe-me te ajudar. Israel está em uma posição complicada no Século 7 a.C. A Assíria havia lhe dado alguns chutes, deportando muitos dos seus e dominando quem restou. Por conta da rebelião do povo contra a Palavra de Deus, eles estão sofrendo sob o domínio sufocante de uma nação pagã. Habacuque olha ao redor e vê as coisas piorando, ao invés de melhorarem. Ele clama a Deus no capítulo 1, declarando que está fatigado e um tanto frustrado com o que ele vê. Ele quer respostas, tanto quanto quer salvação.
Deus responde, mas não da forma que Habacuque esperava ou mesmo desejava. Deus diz que irá lidar com os assírios e a comunidade rebelde do pacto quando trouxer os babilônios. E aí as coisas iriam ficar muito, mas muito, piores.
Por meio disso tudo, entretanto, Habacuque aprende uma lição muito importante: Deus tem um plano absoluto, um ponto final, tanto para as nações quanto para o seu povo. Pegando emprestado o título do excelente livro de Jim Hamilton, Deus irá trazer “Salvação por meio de Julgamento”. O povo de Deus será salvo. Os inimigos de Deus serão julgados. Mas essa salvação não será fácil, mas dolorosa e por meio de perseguição.
Habacuque deve “esperar” e “vigiar” (Habacuque 2.1-4). Isso é o que significa viver por fé (Hb 2.4). Devemos confiar em Deus porque entendemos que ele tem um plano.
Isso é de importância tremenda para nós, em nosso constante ciclo de 24h de notícias diárias. Parece que hoje temos cada vez mais oportunidade para perder a cabeça com os eventos mundiais. Alguns cristãos parecem especialmente propensos a tentar interpretar cada manchete como profecia bíblica. Geração após geração tenta colocar o jornal ao lado da Bíblia para ver como eles se alinham. Isso é, muitas vezes, uma tarefa ingrata, porque não pensamos no plano abrangente de Deus e nos baseamos no que já sabemos com certeza. Pelo contrário, muitos se baseiam nas incertezas e se veem assustados, cansados e frustrados.
Aqui está uma forma melhor de olhar para essas coisas. Leia o jornal como Habacuque.
1) Entenda que Deus é santo (Habacuque 2.20). Somos lembrados que Deus está em seu templo e que devemos nos calar diante dele. Ele está no controle absoluto. Enquanto o ar da terra é poluído pelo pecado, Deus está imerso em sua santidade em seu templo. Não estamos lidando com deuses obscuros criados por homens; o Senhor Deus reina!
2) Lembre-se que Deus está comprometido com sua santidade. O ponto final irá demonstrar a santidade de Deus. Ele irá vingar seu perfeito padrão ao julgar aqueles que falham ao cumpri-lo. Ele irá encher a terra com o conhecimento da sua glória! (Habacuque 2.14). Isso significa que a terra será cheia de seu conhecimento e sua presença. Sua santidade irá inundar a terra.
3) Relembre a promessa de Deus de julgar seus inimigos (Habacuque 2). Deus promete não tolerar a rebelião pecaminosa, mas julgá-la. Ele irá retribuir. Com vários “ais”, Deus mostra que a iniquidade está sendo observada e será punida. Se lembrar do julgamento de Deus irá revigorar suas orações. Você começará a orar como Habacuque no capítulo 3, quando ele reflete sobre o julgamento iminente. Imagine como seria se você lesse o jornal e orasse à luz da confiança no bom e justo juízo iminente de Deus.
4) Relembre a obra salvífica de Deus. Na oração de Habacuque no capítulo 3, ele se lembra de como Deus trouxe salvação por meio do juízo. Seja no êxodo, na conquista de Canaã, no triunfo de Gideão ou outras obras poderosas, ele se lembra que Deus “sai em socorro do teu povo, para salvamento dos teus ungidos. Despedaças o líder do povo ímpio, descobrindo-lhe por completo os fundamentos” (Hb 3.13). Nós cristãos vemos o auge da realização dessa salvação quando o próprio Cristo foi crucificado por nós. Ele foi esmagado e julgado para alcançar a salvação de seu povo (Romanos 8.32; Gálatas 2.20). Se lembrar da obra de salvação de Deus trará refrigério para sua alma. Faça isso diariamente.
5) Alegre-se no Senhor (Hb 3.18). Habacuque entende que, se ele irá viver pela fé, ele irá confiar em Deus mesmo quando as coisas não fazem sentido. Esse alegrar-se significa que ele tem uma confiança firme no caráter de Deus. Sua alegria e contentamento não está ligado às circunstâncias (ou manchetes) instáveis, mas no caráter imutável de Deus! Ele tem o privilégio de se regozijar no Deus de sua salvação; o Senhor Deus é sua força!
Assim, leia o jornal, mas não o faça com amnésia. Leia sabendo que Deus está trabalhando. Leia o jornal com seu avô Habacuque. Ele te lembra do que está realmente acontecendo.

Traduzido por Filipe Schulz | Reforma21.org | Original aqui
                                             

terça-feira, 6 de outubro de 2015

MENTIRAS BASTARDAS? – NÃO CAIA NESSA...




Foi o próprio Senhor Jesus que afirmou que a mentira tem por pai o diabo! Ao confrontar os fariseus que não criam na sua Palavra, o Senhor foi enfático: “Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira (Jo 8.44 – grifos meus).
Os cristãos, por sua vez, são chamados para seguir aquele que é “o caminho, e a verdade, e a vida” (Jo 14.6). Quando o Senhor orou por seus discípulos, rogou ao pai que os santificasse na verdade, que é a própria Palavra (Jo 17.7), e o apóstolo João escreveu que não tinha maior alegria do que a de ouvir que seus filhos andavam na verdade (3Jo 4). Há muitas outras orientações bíblicas para que os crentes vivam e falem a verdade, mas quero citar apenas mais uma, por ora: Quando deu os dez mandamentos ao povo, o Senhor ordenou que se falasse a verdade ao ordenar: “não dirás falso testemunho contra o teu próximo” (Ex 20.16).
A despeito disso tenho a impressão de que para muitos cristãos existem “mentiras bastardas”, isto é, não procedem de Deus, pois ele é a expressão da verdade, mas também não procedem do diabo, pois as intenções por trás delas são boas. Desta forma, para estes, algumas mentiras são justificáveis, por conta de suas intenções “nobres”.
Como exemplo, pense em algumas situações: uma mãe diz ao filho para não ir a determinado cômodo da casa porque lá tem “bicho papão” e justifica que isso é para proteger o filho, pois naquele cômodo há objetos que poderiam ser perigosos para a criança. Um filho mente a seu pai sobre a gravidade do seu estado de saúde e justifica dizendo que é para que o pai não sofra, pois ele não suportaria a notícia. Ou ainda, uma amiga pergunta a outra como determinada roupa ficou nela e ouve que ficou “maravilhosa”, mesmo que essa não seja verdadeiramente a opinião da amiga, que se justifica pensando que seria falta de educação dizer o contrário. Assim, a mentira ganha outros nomes (proteção, cuidado e educação) e acaba sendo até algo esperado, pois é para o bem do próximo.
Há aqui, pelo menos, duas questões a se ponderar. A primeira relacionada ao fato de que a Palavra de Deus condena, categoricamente a mentira. Eu sei que muitos tentam justificar certas mentiras citando a história das parteiras que mentiram a Faraó quando ele ordenou que elas matassem todos os meninos nascidos dos hebreus (Ex 1.15-22). Porém, uma leitura mais atenta do texto demonstra que o Senhor as abençoou por terem desobedecido a ordem de matar as crianças e não porque mentiram. Volto a esse episódio daqui a pouco.
A segunda questão diz respeito às intenções do coração. Os que mentem, como exemplificado acima, dizem fazer por “amor ao próximo”. O problema é que, biblicamente, ninguém peca por amor ao outro, mas por amor a si mesmo. Tiago não deixa dúvidas: “cada um é tentado pelo próprio mau desejo, sendo por este arrastado e seduzido” (Tg 1.14 - NVI). Perceba! Pecamos para conseguir o que desejamos e essa é uma atitude de amor próprio. Amamos tanto a nós mesmos que, impulsionados e iludidos por nossos desejos, estamos dispostos a fazer o contrário do que o Senhor ordena, tentando obter alguma satisfação ou benefício.
Uma breve história para ilustrar isso: Certa vez eu aconselhava uma senhora que foi ao gabinete pastoral, indicada por um conhecido. Em meio à nossa conversa, surgiu o assunto da mentira e ela disse que nunca mentia. Perguntei, então, se ela conhecia minha esposa e, obviamente, ela respondeu que não. Prossegui: “– Vamos supor que eu ligue agora para minha esposa e diga que estou levando a senhora para tomar um café conosco, em nossa casa. Chegando lá tem um bolo bonito na mesa e um café fresquinho. A senhora pega um pedaço do bolo e, ao morder, percebe que está muito salgado, pois, na pressa, minha esposa acabou trocando o açúcar pelo sal. A senhora então pensa em tomar um pouco de café, para aliviar o gosto ruim que está na boca, mas o café também está salgado. Logo em seguida minha esposa pergunta: E aí, a senhora gostou? Qual seria a resposta?”. Ela então respondeu que diria que sim, pois não ia querer magoar minha esposa que foi tão educada preparando algo para ela comer. Continuei: “– Vamos esquecer, por enquanto, minha esposa... Se a senhor fosse à casa de sua irmã e acontecesse o mesmo, o que responderia quando ela perguntasse se a senhora havia gostado?”, e rapidamente ela disse: “Mas que bolo ruim!”.
Diante disso, perguntei se ela não tinha medo de magoar a irmã e ela disse que a irmã já a conhecia bem. Levei-a então a entender que, no caso de minha esposa a preocupação não era em magoar uma pessoa que a tratou de forma educada, mas em não querer ser vista como mal educada, tanto que, diante de alguém bem conhecido, ela não titubeou em falar o que achou de verdade.
O que levou essa senhora a dizer que mentiria para minha esposa foi o mesmo que levou as parteiras a mentirem a Faraó: amor próprio, mais do que amor a Deus e ao próximo. As parteiras foram tementes a Deus e não mataram as crianças, mas diante do questionamento de Faraó, temeram perder a vida e, por amor a si mesmas, mentiram. De igual forma, a mãe que mente ao filho inventando um bicho papão no quarto não o faz pela segurança do filho, mas pelo seu conforto, pois não precisará mais ficar correndo atrás da criança. O filho que mente ao pai sobre seu estado de saúde não o faz por cuidado, mas, talvez, por não querer sofrer ao ver o pai sofrendo. A amiga que mente para a outra não o faz por educação, mas para não ser tida como grosseira.
Devemos ser realistas. Biblicamente não há pecado em favor do outro nem, tampouco, mentiras justificáveis. Não existem mentiras bastardas, todas, sem exceção, tem por pai o diabo. Sendo assim, para obedecer as ordens de não dar lugar ao diabo (Ef 4.27) e de resistir ao diabo (Tg 4.7) é imperativo que não negociemos a verdade.
É claro que isso não implica ser mal educado, pois a verdade deve ser dita em amor (Ef 4.15). Entretanto, não há garantia de que os homens não nos rotularão como tal. Ainda assim, não ceda ao desejo de ser bem visto diante dos homens ao custo de pecar contra Deus, pois, “antes, importa obedecer a Deus do que aos homens”(At 5.29).
Por: Milton Jr 
***
Fonte: Mentes Cativas 

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

A dificuldade de orar (e uma solução)



POR MARK JONES | 01 de outubro de 2015

 Oração não é fácil. Eu vejo que isso é verdade para mim, mas outros que têm meu respeito também dão testemunho da dificuldade de orar. Alguns indivíduos fazem parecer fácil; se eles passam horas por dia na tenda do encontro, provavelmente eles levam também o computador para lá.

 Considere os seguintes testemunhos, que são de cheios de pensamentos que, muito curiosamente, não são normalmente ouvidos quando as pessoas dão seus testemunhos públicos:

“Tudo que fazemos na vida cristã é mais fácil que orar” (Martyn Lloyd-Jones).

“Não há nada em que somos tão ruins em todos os nossos dias do que a oração” (Alexander Whyte).

“Houve momentos em minha vida em que preferia morrer a orar” (Thomas Shepard). 

Imagine Thomas Shepard dizendo essas palavras após ser levado para a frente da igreja para “falar sobre as coisas maravilhosas que Deus tem feito em sua vida”. Seja qual for o caso, eu considero um tanto confortantes essas palavras daquelas homens citados. 

De fato, leia isso de John Bunyan:

“Eu posso falar por experiência própria, e a partir dela contar-lhe sobre a dificuldade de orar a Deus como devia; isso é o suficiente para te fazer pobre, cego, carnal, para cultivar estranhos pensamentos sobre mim. Pois, quanto ao meu coração, quando eu saio para orar, eu descubro tanta relutância em ir a Deus, e quando estou com ele, tanta relutância em continuar ali, que muitas vezes, em minhas orações, eu sou forçado a primeiro implorar a Deus que ele tome o meu coração, e o coloque diante de Cristo, e quando estiver ali, que ele continue ali. Com efeito, muitas vezes eu não sei o que orar ­­(eu sou tão cego), nem como orar (eu sou tão ignorante); somente (bendita Graça) o Espírito ajudando nossas enfermidades [Rm 8.26].”

Aqui está um – ahem – puritano que obviamente batalha, como muito de nós, com a oração. Às vezes, os cristãos caem em um “círculo vicioso de oração” e acham difícil acabar com esse círculo. Não é que eles desistiram de orar, mas eles parecem desistir de gastar tempo a sós com o Senhor naquilo que os puritanos chamaram de “oração privada e fervorosa” (ver Hebreus 5.7).

Evidentemente, não há uma regra estabelecida sobre que frequência e duração devem ter nossas orações. Ainda assim, nós oramos sem cessar (1 Tessalonicenses 5.17); devemos orar em todo tempo (Efésios 6.18) e oramos subitamente por causa de necessidades e ocasiões (Neemias 2.4).

A Bíblia também nos dá exemplos daqueles que pareciam ter horários escolhidos ou específicos em que se dedicavam à oração (Mateus 6.6). Considere Daniel, que orava três vezes ao dia, “como também antes costumava fazer” (Daniel 6.10). “Subiu Pedro ao terraço para orar, quase à hora sexta” (Atos 10.9). E nosso Senhor Jesus que “retirava-se para os desertos, e ali orava” (Lucas 5.16).

Considerando que a oração é difícil, como Cristo nos motiva a orar? Em Mateus 6.6, ele promete a seus discípulos que seu Pai os recompensará pelo que eles fazem (i.e., orar) em segredo. Perceba o quanto a palavra “recompensa” aparece somente neste capítulo.

Nós precisamos questionar-nos se adequadamente cremos nas palavras de Mateus 6.6. Você realmente crê – o que deveríamos fazer – que Deus nos recompensará? Se nós crêssemos, certamente gastaríamos muito mais tempo na oração em secreto do que fazemos. Não temos porque não pedimos. Não pedimos porque nos falta fé (Mateus 21.22).

Fé é a mão que suplica a Deus: “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11.6).

Cristo, o homem de fé por excelência, certamente entendeu esse conceito em sua vida de oração. De fato, ele orou por sua recompensa: “E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse” (João 17.5).

Eu não sei precisamente como o Senhor nos recompensará pelo que fazemos em segredo. Algumas vezes, as respostas à oração são óbvias ou imediatas. Às vezes, ele nos recompensa ao não nos dar o que (erroneamente) pedimos. E há orações que sequer podem ser respondidas em vida (veja a oração de Estêvão em Atos 7.59-60, que pode ter resultado na conversão de Saulo de Tarso; ou perceba como a oração de Moisés para ver a glória de Deus em Êxodo 33.18 foi respondida na Transfiguração).

Mas eu sei disto:

As recompensas do Pai vêm da graça:“É chamado recompensa, mas é pela graça, não por dívida; que mérito pode haver em mendigar?” (Matthew Henry).

E ele tem prometido recompensar seus filhos quando eles oram em secreto, e somente essa motivação deveria ser o suficiente para nos levar aos nossos “quartos de oração” onde pedimos para receber.


Traduzido por Josaías Jr | Reforma21.org | Original aqui
Via :  Reforma 21 

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