Em quase todo o país tornou-se comum o aparecimento de boates gospel.
Usando do álibe da evangelização, inúmeros líderes evangélicos tem organizado o que chamam de "Night Song Gospel".
Nesta perspectiva é comum encontrarmos milhares de jovens dançando os mais famosos hits da música gospel.
Em ambientes assim é comum encontrarmos globo espelhado, canhões de luz,
estroboscópio e fumaça, os quais fazem parte de um contexto especial
onde em nome de Deus, DJs e MC’s embalam adolescentes e jovens em suas
"danças" para Jesus.
Há pouco vi uma faixa que convidava a juventude crista a participar de um evento deste nipe, onde o convite principal destinava-se a todos aqueles que desejassem sentir as "batidas de Deus em seus corações."
Caro leitor, infelizmente em nome da contextualização e da necessidade
de se modernizar a propagação da Palavra de Deus, tem sido comum por
parte de alguns pastores e líderes evangélicos a utilização de
estratégias diferenciadas na “evangelização”. Lamentavelmente a cada
instante, movidos por poderosas revelações, novas e mirabolantes
estratégias tem sido criadas na expectativa de arrebanhar para os
apriscos da fé, um número cada vez mais significativo de jovens. E é
pensando assim que eventos dos mais estranhos possíveis têm sido criados
por parte da liderança evangélica neste país, como por exemplo, o
aparecimento de boates e discotecas gospel.
Pois é, para alguns pastores, boates e discotecas tornaram-se “álibis”
indispensáveis para se pregar “as boas novas” de Cristo Jesus. Na
verdade, neste Brasil tupiniquim, cada vez mais em nome de uma liberdade
cristã, os jovens abandonam a palavra e o discipulado bíblico em
detrimento às festas e eventos que celebram efusivamente o hedonismo
exacerbado de um tempo pós-moderno.
Caro leitor, confesso que fico estupefato com a capacidade evangélica de
elucubrar sandices e fabricar heresias. Como já escrevi anteriormente,
estou absolutamente perplexo e preocupado com os rumos da igreja
evangélica brasileira. Isto porque, em detrimento do “novo” têm-se
optado por um caminho onde se negocia o que não se pode negociar.
Talvez ao ler este texto você esteja dizendo consigo mesmo: " O pastor Renato caretou
de vez! Será que ele não está entendendo que os jovens só virão a
Cristo se oferecermos a eles entretenimento? Será que ele não compreende
que a rapaziada precisa entender que não somos bitolados? Será que ele
não consegue discernir que somos jovens e precisamos nos divertir?"
Charles Spurgeon, um dos maiores pregadores de todos os tempos, afirmou
há quase 150 anos, que o adversário das nossas almas tem agido como o
fermento, levedando toda a massa. Segundo o príncipe dos pregadores o
diabo criou algo mais perspicaz do que sugerir à Igreja que parte de sua
missão é prover entretenimento para as pessoas, com vistas a ganhá-las.
Spurgeon
afirmou que a igreja de Cristo não tinha por obrigação promover
entretenimento àqueles que a igreja visitava. Antes pelo contrário, o
Evangelho com todas as suas implicações precisava ser pregado de forma
simples e objetiva.
Hoje, quase 120 anos após a morte de Spurgeon, boa parte da igreja
brasileira promove em suas liturgias estruturas lúdicas e leves onde de
forma simplista e descontraída o “evangelho politicamente correto” é
anunciado. Na verdade, ouso afirmar que mediante o pluralismo
eclesiástico de nosso tempo, encontramos uma variedade enorme de igrejas
que anunciam o evangelho de Cristo segundo o gosto do freguês.
Como já havia escrito inúmeras vezes não suporto mais a efervescência da
graça barata, o mercantilismo gospel, a banalização da fé.
Infelizmente, Sou obrigado a confessar que fico impressionado com alguns
devaneios por parte do povo evangélico, até porque, no quesito
criatividade alguns dos nossos irmãos têm conseguido se superar.
Com dor no coração sou obrigado a confessar essa gente não têm pregado o
evangelho do reino. Antes pelo contrário, o evangelho o qual estes têm
pregado é humanista, megalomaníaco e antropocêntrico.
Prezado leitor, ser protestante, não é somente se identificar com o
protesto feito pelos reformadores contra a corrupção eclesiástica e o
falso ensinamento católico do século XVI; é muito mais do que isso. Ser
protestante, é viver debaixo de um avivamento integral, é resgatar os
valores indispensáveis a fé bíblica através da Palavra, é proclamar
incondicionalmente a mensagem da graça de Deus em Cristo Jesus.
O lema "Eclésia reformata, semper reformanda", deveria estar sempre
ressoando em nossos ouvidos e corações, desafiando-nos à
responsabilidade de continuamente caminharmos segundo a Palavra, sem nos
deixarmos levar por ventos de doutrinas e movimentos que tentam
transformar a Igreja de Cristo, num circo eclesiástico, nas mãos de
líderes equivocados, que manipulam o povo ao seu bel prazer, tudo isso
em nome de Deus!
Uma nova reforma já!
Soli Deo Gloria.
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