Escrevi recentemente um artigo denominado
“Coisas
que a Bíblia não diz”, por meio do qual refuto clichês como “Crente que
tem promessa não morre”. Alguns internautas não gostaram, e outros
dizem que esse controverso chavão tem apoio bíblico. Exponho abaixo a
argumentação do irmão Flávio Silva (sem revisão gramatical e
estilística), acompanhada de minha resposta.
"Graça e Paz, irmão Ciro. Meu nome é Flavio Silva.
Caro
irmão Ciro, referente ao texto acima onde o Sr, diz que essa afirmação
("Crente que tem promessa não morre") não é verdade usando os versiculos
13 e 39 de Hebreus, discordo parcialmente da sua afirmação. Segue
abaixo o que penso acerca disso:
Pois no caso do
versiculo 39 o autor fala da promessa dada a Israel sobre a vinda do
messias que é Jesus, não é uma promessa pessoal, no caso do versiculo 13
são promessas para as gerações futuras de Israel.
Podemos ver varias. Assim como a promessa do arrebatamento da Igreja.
Creio
e tenho certeza que crente que possui promessas de Deus para sua vida
não morrerá sem que veja o cumprimento, assim como foi Prometido a
Simeão que veria o Cristo antes de Morrer Lc 2:26.
Concluindo:
Quando temos promessas para vida pessoal, nao morreremos sem ve-las se cumprir.
Quando a promessa é referente a igreja ou a minha posteridade essa poderei ou não morrer sem que veja cumprir".
Caro irmão Flávio Silva, a paz do Senhor.
Meu
nome é Ciro Sanches Zibordi (risos). Quanto à sua afirmação de que "Crente que tem promessa não morre", gostaria de dizer-lhe, antes de
tudo, que é temerário valorizarmos chavões ditos por animadores de
auditórios, geralmente acostumados a falar o que querem,
irresponsavelmente, a platéias que os aplaudem, não refletindo sobre o
que ouvem (cf. At 17.11).
O irmão aparenta ser sincero,
disposto a conhecer a verdade, e não alguém interessado em me testar,
como alguns que freqüentam este blog. Por isso, vou dedicar alguns minutos ao seu comentário...
Primeiro,
reafirmo que empreguei o texto de Hebreus 11 conscientemente, e não de
forma impensada. Citei-o por convicção, haja vista considerá-lo claro
quanto à refutação do clichê em apreço.
É óbvio que o tal
chavão não resiste a uma exegese. Isto é, se o analisarmos à luz da
analogia geral das Escrituras, considerando todos os aspectos que
envolvem as promessas de Deus, como a condicionalidade de boa parte
delas, não há como sustentar a falaciosa tese nele contida.
O
Senhor Jesus não é obrigado a cumprir todas as promessas que as pessoas
julgam ter recebido dEle. E usar o tal bordão como uma segurança de que
não morreremos enquanto as tais "promessas" não se cumprirem é uma
atitude que vai de encontro (e não ao encontro) de textos como 1 Pedro
2.11 e Tiago 4.13-17. Estes não deixam dúvidas quanto a podermos partir
para a eternidade a qualquer momento.
Qual é o crente que não
julga ter promessas, hoje? Eu tenho promessas, mas não me valho delas
para me considerar imortal. Estou preparado para encontrar com o Senhor
Jesus, seja na sua Vinda, seja por meio da morte, a qualquer momento. Os
dois pastores que morreram no acidente com o vôo da TAM, há alguns meses, tinham inúmeras promessas...
Basta
um pouco de bom senso, para se perceber que o tal clichê, apesar de
parecer bíblico, torce a Palavra de Deus, levando o crente a pensar que é
invencível. Quando acontece uma tragédia de grandes dimensões
envolvendo servos de Deus, e centenas deles morrem, isso significa que
nenhum deles tinha promessas pessoais?! Um avião não cairá se houver
nele um crente que julga ter uma promessa pessoal?
Caro
irmão, pense biblicamente; raciocine, mas não se esqueça de que a Bíblia
é a nossa fonte máxima de autoridade, a nossa regra de fé, de prática e
de vida. O seu simplismo me deixou preocupado, pois, quando resolvemos
refutar um pensamento, temos de ter a
Bíblia ao nosso lado, e não o
nosso raciocínio, baseado em algumas passagens isoladas.
É preciso ter
em mente toda a verdade contida nas Escrituras.
É claro que
as verdadeiras promessas de Deus se cumprem, como no caso de Simeão, mas
não se esqueça da condicionalidade de muitas delas, pois nem todas são
de caráter imperativo. A promessa de Lucas 24.49 (coletiva) só foi
recebida por quase 120, mas foi dada a mais de 500, pelo menos.
Promessas pessoais também não se cumprem devido a fatores outros, como o
mencionado em Eclesiastes 7.17.
Muito melhor do que
apegar-se ao tal bordão é firmar-se na promessa de Apocalipse 22.20, que
inclui a última oração da Bíblia: "Ora, vem, Senhor Jesus". E esta só
pode ser feita por quem verdadeiramente está preparado, confiando nas
promessas contidas em 1 Tessalonicenses 4.16-18 e 2 Timóteo 4.8.
Melhor
do que firmar-se em um bordão simplista e irresponsável é estar
preparado para partir para a eternidade a qualquer momento, como Paulo,
que, ao receber uma profecia de Ágabo, disse que estava pronto até para
morrer!
O clichê em apreço, por conseguinte, leva o crente a
esquecer-se das coisas de cima (Cl 3.1,2), fazendo-o pensar que é um
super-herói. Pedro, quando estava na prisão (At 12), sabia que morreria
velho, pois Jesus lhe revelara isso (Jo 21). Contudo, a sua vida
demonstra que ele não se firmava nisso; antes, estava pronto a morrer a
qualquer momento pela causa do evangelho.
Bem, vou parar por
aqui, mas o aconselho a firmar-se na Palavra, e não em frases de
efeito, usadas por animadores de auditório que não têm compromisso com
as Sagradas Escrituras.
Para saber mais sobre essa pergunta, leia o livro Mais Erros que os Pregadores Devem Evitar, a ser lançado pela CPAD.
Respeitosamente,
Ciro Sanches Zibordi
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