Pr. Anderson Alcides
“A
música (do grego μουσική τέχνη – musiké téchne, a arte das musas) é uma
forma de arte que se constitui basicamente em combinar sons e silêncio
seguindo uma pré-organização ao longo do tempo.
Há
evidências de que a música é conhecida e praticada desde a
pré-história. Provavelmente a observação dos sons da natureza tenha
despertado no homem, através do sentido auditivo, a necessidade ou
vontade de uma atividade que se baseasse na organização de sons. Embora
nenhum critério científico permita estabelecer seu desenvolvimento de
forma precisa, a história da música confunde-se, com a própria história
do desenvolvimento da inteligência e da cultura humana.” [1]
A
carreira profissional, seja de qualquer área, exige muita dedicação. A
música, além de talento, requer também persistência. É preciso estudar, e
muito.
Há
muitos séculos atrás, esta classe de profissionais era muito mais
valorizada. Para alguém mostrar que era bom, era necessário muito suor.
As
pessoas comentavam sobre a obra do músico. A sociedade ficava na
expectativa do que o músico iria “aprontar”. Por vezes, a obra não saia
muito perfeita, era alvo de críticas. Gente das mais altas classes
sociais, muitas vezes encomendavam ao músico uma sinfonia, uma música.
Fosse para homenagear alguém, um evento e até guerras.
Por
exemplo, a 9ª Sinfonia de Ludwig Van Beethoven (sem entrar muito nos
detalhes) foi encomendada pela A Philharmonic Society of London
(“Sociedade Filarmônica de Londres”), atual Royal Philharmonic Society
(Real Sociedade Filarmônica), em 1817. Em 1824, Beethoven a concluiu.
Sete anos de trabalho duro.
Música
fala profundo à nossa alma. Ela cria marcas. Faz-nos lembrar de
momentos alegres e infelizmente tristes. Quantas vezes não nos sentimos
em nostalgia ao ouvir uma música, uma canção, uma sinfonia? Música é
arte.
Os
tempos mudaram, e como mudaram. Atualmente temos muitos grupos
musicais, solistas, bandas. Alguns com competência musical singular,
outros acham que a tem – digamos a verdade. Basta alguém montar acordes
simples, colocar uma letra e voilá. Mas o músico sério, que trabalha
sério, que quer ver seu trabalho honrado e reconhecido, que estuda
música anos a fio, sabe que não é bem assim.
Atualmente
temos reality shows com o intuito de promover músicos ao mercado.
Parece que tá faltando gente boa – deve ser por isso que promovem estes
programas. Também não é de se espantar que a concorrência é acirrada. É
difícil alguém bom, aparecer do nada com uma bela composição. Alguns
começam em barzinho, tocando bossa nova, mpb, sertanejo, até que um
agente o descubra. Isto é bastante comum, principalmente no nosso Brasil
varonil, em que há tanta gente diferente, com habilidades incríveis.
Não
fechamos os olhos de que por trás de tudo isto, está o interesse
monetário, mercadológico, e mercenário – tem gente que se presta a cada
papel para “brilhar”, não é mesmo?!
Recentemente a Rede Globo de Televisão, fez a versão brasileira do reality show estadunidense, o programa The Voice.
Fiquei espantado (ou nem deveria ficar) com a quantidade de candidatos que disseram que começaram a carreira na igreja.
Já
vi músicos que por se dedicarem ao ministério, a sua igreja local,
procurando darem o melhor, buscando melhorar o serviço, não foram
valorizados, e assim, acabaram deixando o ministério. Seja por falta de
incentivo, seja por não conseguir conciliar trabalho, família, e
ministério de música, e por fim, terem que optar pelo óbvio, sua
sobrevivência.
Outros,
que, por uma proposta da igreja local, com o desejo de eles se
aperfeiçoassem, se dedicassem exclusivamente a esta área da igreja, não
foram bem remunerados e tiveram que buscar trabalho em lugares, e que
não seria muito coerente para um cristão.
Afinal,
ser músico, também é profissão. Embora muitos parecem não entender. Já
viu algum músico comentar que alguém perguntou para ele: “O que você
faz?”, e ao responder que é músico, o outro retruca: “Ahh legal, mas
você trabalha em quê?”.
Óbvio
que há aqueles que fazem seu trabalho na igreja por prazer e não como
profissão. Querem ajudar sua comunidade e família de fé, e por já terem
também a sua profissão definida, querem apenas servir. Mas quero me ater
aqueles que o fazem por profissão, ou seja, que são músicos de
profissão (não amadores, mesmo que haja muitos com perfil profissional).
Aqueles que estudam dias a fio, com a cara nos livros, com o
instrumento em mãos, lendo partituras, tablaturas, cifras, estudando
solfejos, técnicas vocais, etc.
Nestes
dias, é mais do que necessário investirmos nesta área no contexto
ministerial. Muitas canções, ditas evangélicas em nosso meio,
infelizmente são tão mundanas quanto qualquer uma que não é entoada no
ambiente do culto. Investir nesta área, é também cuidar da saúde
espiritual da igreja de Cristo.
Conheço
igrejas, que no departamento de música, há músicos profissionais, que
atuam exclusivamente para o ministério. São remunerados por isso, afinal
digno é o obreiro do seu salário.
Eles
analisam letras de canções, se são bíblicas ou não, se a teologia de
uma canção é sã, se ela realmente expressas verdades contidas nas
Escrituras, se ela exalta a Cristo. Se o ritmo, o arranjo, a letra é de
fácil compreensão na congregação.
O
mercado gospel tem fabricado muitos cantores, e muitos sem compromisso
com Cristo e seu Evangelho. Não são todos. Mas há. Por isso é importante
olharmos para este lado da igreja.
Tudo isto me levou a refletir sobre algumas coisas e irei numerá-las:
1) Qual a motivação real de um músico ao iniciar sua vida ministerial na igreja?
2)
Será que a liderança está valorizando a carreira musical dos músicos na
igreja e com isso dando condições para se aperfeiçoarem?
3)
Será que os músicos que começaram na igreja sabem o que é ministério, o
que é profissão, suas particularidades, suas diferenças e semelhanças?
4)
Nossos ministérios estão preparados para dar o suporte necessário, à
pessoa que realmente estudou ou estuda música, para que ela possa se
dedicar inteiramente a esta profissão e exercer plenamente na igreja?
5) Se temos condições, porque não investimos nestes irmãos músicos para que se dediquem inteiramente à música na igreja?
6)
Será que sabemos ensinar os músicos cristãos a glorificar a Cristo em
sua profissão, mesmo que esteja atuando no secular e não dentro da
igreja? E muitas vezes tendo que recusar alguns trabalhos porque vão de
encontro à sua fé!
Estes são poucos pontos, mas creio que pode nos dar um norte para começarmos a mudar alguns conceitos.
Sei
que há muito mais para ser dito. Deixo aberto o espaço para comentários
e opiniões. Creio que podemos aprender muito e realmente valorizar esta
tão encantadora profissão.
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