O pecado exige uma resposta. E
ele a terá. A questão não é “eu reagirei ao pecado?”. Você reagirá. Eu
reagirei. A verdadeira pergunta é “como eu reagirei ao pecado?”. O
pecado, como a gravidade, é uma daquelas leis inalteráveis: acontece e,
portanto, eu devo interagir com isso. Não é que estamos desamparados ou
somos vítimas do pecado, pelo menos não os cristãos. Semelhante à
gravidade, podemos responder de maneiras sábias e benéficas à nossa
queda. Deus nos deu a resposta para o nosso problema com o pecado, assim
como o poder para superar as realidades do pecado. Por causa de Cristo,
não temos de ser derrotados pelas vicissitudes do pecado. Podemos nos
tornar ofensivamente centrados, motivados e fortalecidos pelo Evangelho
e, certamente, cabe a nós a maneira como responderemos às coisas que
fazemos de errado.
Neutralizadores antropocêntricos
Refletindo sobre as maneiras erradas que respondi aos meus erros,
cheguei a pelo menos quatro respostas erradas ao pecado. Aqui estão
elas:
Desculpas – Essa é provavelmente minha tática mais
usada para neutralizar o pecado. Meu velho amigo Adão usou isso no
Jardim do Éden e tenho descoberto que essa é uma resposta tentadora
quando faço algo tolo. O problema, para aqueles que têm de conviver
comigo, é que isso é frustrante, pois, no fim das contas, não é uma
solução. Isso não afasta o meu pecado. Simplesmente o ignora ou talvez,
melhor dizendo, transforma meu pecado em algum tipo de discurso ambíguo
nem preto nem branco, que deixa todos desconfortáveis, sentindo que eu
não respondia suficiente e biblicamente pelo que fiz errado. O pecado
permanece e meus amigos e família precisam conviver com o grande
elefante rosa na sala. Quando me escondo em desculpas ao invés de tomar
responsabilidade por minhas ações,
Justificativas – Existem momentos em que me compararei
aos outros, o que é parte do processo que uso para dizer a mim mesmo que
meu pecado não é tão ruim quanto o de algumas pessoas que conheço.
Isso, é claro, não remove meu pecado, mas apenas o neutraliza
temporariamente. Tipicamente, quando estou no modo autojustificador, é
porque acho que mereço mais que eu tenho. Justificativa é uma forma de
raiva, que vem de um coração irado e diz: “eu terei o que quero, a
despeito do que custe ou de quem eu machuque no processo, porque mereço
ser feliz”.
Usualmente, a pessoa autojustificadora não foi capaz de lidar com suas
decepções pessoais com a vida. Ela fala de si mesmo como uma vítima
disso ou daquilo, e porque isso aconteceu a ela, ela chegou à conclusão
de que merece algo melhor. E quando essa pessoa peca, no processo de ter
o que sente que merece, ela justifica seus atos pecaminosos porque se
convenceu de que foi feriada desnecessariamente e deveria ser
recompensada. É um ciclo que deixa muitas casualidades.
Aliviar – Normalmente, uma pessoa que procura aliviar
seus pecados tem um tipo diferente de sensibilidade a seu pecado. Seu
senso de moralidade é mais focado introspectivamente que o do
Justificador ou do Escusador, que tendem a apontar externalidades para
explicar porque eles fazem o que fazem. Enquanto o Escusador e o
Justificador sabem a diferença entre certo e errado, eles não são tão
introspectivos sobre seus pecados.
Na prática, isso funciona dessa maneira: o Escusador e o Justificador
respondem seu pecado culpando aos outros, enquanto o Aliviador escolhe
punir ou culpar a si mesmo. Essa é sua versão da autoexpiação, ou como
eles procuram pagar por seus pecados. Aqui está uma lista curta de
respostas autoexpiatórias ou autopunitivas ao pecado: drogas, sexo,
comer demais, televisão demais, gastar dinheiro, férias, roupas,
medicamentos, raiva, cortar-se, autopiedade e outros comentários
autodepreciatórios. Tudo isso ajuda a distraí-los de seu pecado.
Culpar – “Se você vivesse com a mulher que eu vivo,
também faria as coisas que eu faço”. “Se você conhecesse meu pai, não
seria tão rigoroso com o que eu tenho feito”. Essas são apenas duas das
muitas variações que usamos para neutralizar nosso pecado. Infelizmente,
minha lista é bem grande. Culpar se torna apenas mais uma reação errada
que não resolve de fato as questões que precisam ser resolvidas. O
problema central dos ‘culpadores’ é a auto-justificação. Eles tem
problemas para admitir que estão errando. Estão apaixonados demais por
si mesmos para dizer que falharam. Apesar de estarem cientes de seu
pecado, eles preferem colocar a culpa em algo ou alguém além de si
mesmos. Uma resposta ao pecado é necessária, e eles escolhem responder
dizendo alguma versão de “não é realmente minha culpa”.
Um efeito colateral real
O problema com essas quatro tentativas de neutralizar o pecado é que
elas endurecem a consciência. A consciência (co – ciência) é aquela voz
interior que age como nosso termômetro moral. Ela nos diz quando estamos
errando. Contudo, quando escolhemos algumas dessas respostas que eu
citei como uma “solução” para o pecado, nossa consciência começa a se
mascarar, o que, a longo prazo, nos tornará insensíveis para as
convicções divinas em nossas vidas. E, uma vez que nossa consciência se
torna endurecida (mascarada), nos tornamos moralmente disfuncionais,
incapazes de discernir ou reagir ao certo e ao errado.
Neutralizador Teocêntrico
Há apenas uma forma correta de responder ao pecado. O Evangelho, a
pessoa e a obra de Jesus Cristo. Deus nos deu a única resposta ao pecado
em Seu Filho. Ao invés de nós escolhendo a escravidão por meio de
respostas antropocêntricas ao pecado, Deus julga Seu Filho na cruz e
apenas nos pede que aceitemos esse julgamento como a resposta definitiva
para o problema do pecado.
Traduzido por Josaías Jr e Filipe Schulz | iPródigo.com
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