O Salmo 119 é o poema mais longo da Bíblia.
É a oração mais longa da Bíblia. É o acróstico mais longo da Bíblia. É
capítulo mais longo da Bíblia. Ele fica no centro da Bíblia e fala sobre
a Bíblia. O Salmo mais longo é um salmo sobre Salmos. O capítulo mais
desafiador da Palavra é um capítulo sobre a Palavra.
O escopo do Salmo 119 é amplo (22 estrofes) e limitado (cada verso é
sobre a escritura). O capítulo cobre todos os aspectos da vida –
sucessos, fracassos, vitórias, derrotas, prosperidade e adversidade – e,
mesmo assim, é quase todo uma oração (praticamente todos os versos são
dirigidos a Yahweh).
Por conta de sua extensão, sua unidade pode passar despercebida. As
estrofes não são intercambiáveis. Pelo contrário, o Salmo é construído
de forma a guiar o leitor em uma progressão da vida cristã. Ele cobre
tudo o que você precisa saber para viver uma vida piedosa, de A a Z (ou
“de aleph a tav”, no original). E ele o faz na ordem.
A (aleph) é o princípio fundamental da vida cristã: a felicidade vem da santidade.
Se você não é santo, você não é feliz, e se você deseja ser feliz,
tente a santidade (é por isso que só essa estrofe, assim como bet e het, já é um antídoto poderoso à abordagem “Jesus + Nada” à santificação).
B (bet) mostra que santificação produz satisfação.
Essa é uma satisfação que afeta cada área da vida, e se transforma em
um deleite e alegria que faz uma pessoa se sentir melhor que a pessoa
mais rica do mundo. De fato, essas duas primeiras estrofes fazem a vida
do crente parecer fácil, se não fosse por:
C (gimel), que ensina que crentes são peregrinos.
Esse mundo não é nossa casa. Nós estamos de passagem, e nós nunca
iremos, de fato, pertencer a este mundo. Isso já seria difícil o
bastante, mas então descobrimos que
D (dalet) a vida do peregrino é marcada por dificuldades. Nossa alma irá passar tempo na poeira, cheia de sofrimento, enquanto pedimos a Deus que nos torne mais obedientes.
E (he) é um truísmo: o resultado dessas dificuldades é que você é o que você ama.
O valor de um homem é visto no valor do objeto de suas afeições. Você
quer ser alguém de valor? Então ame a Palavra inestimável!
F (vav) serve como uma recapitulação, mostrando a progressão da vida do crente. Fé leva a confiança, confiança a perseverança, perseverança a dificuldades e as dificuldades levam à santidade.
G (zayin), então, nos lembra que, por mais que tudo isso
seja verdade, não é fácil. Só porque o caminho está descrito, não
significa que será simples trilhá-lo. Nossas vidas serão marcadas pelas dificuldades. Felicidade está ligada a santidade, mas isso não significa que santidade é fácil.
H (het) é escrita à luz dessa tensão: mesmo que o caminho
seja difícil, o salmista se compromete a andar por ele, não obstante a
severidade das tentações e perseguições. Sabendo dos perigos e dificuldades, o verdadeiro crente se compromete a resistir.
I (tait), por sua vez, ensina que esse compromisso não é
feito em um vácuo. Pelo contrário, só é possível fazê-lo por conhecer a
realidade do que chamamos de graça irresistível. Deus irá buscar seus
filhos. Os eleitos não irão se desviar do caminho, pois Deus é “o cão de caça dos céus”.
Assim, J (yod) mostra que, quando Deus nos alcança, experimentamos a força total da razão pela qual fomos criados: nós fomos criados para obedecer. Deus nos fez com suas mãos para que pudéssemos servi-lo com as nossas.
K (kaph) então pausa por um momento e nos mostra que nem todas as dificuldades ocorrem por causa do mundo.
Em alguns casos, Deus decide afligir mesmo seus filhos obedientes, para
santificá-los. Isso pode ser obviamente visto na pessoa de Jesus
Cristo.
L (lamed) responde K ao provar que Deus irá salvar mesmo aqueles que aflige.
Deus pode afligir seus próprios filhos, mas o justo sempre será
vindicado por ele – mesmo se, para isso, for preciso uma ressurreição.
M (mem) é uma resposta à gravidade das verdades descritas em K e L. É uma declaração de que a verdadeira sabedoria se desenvolve por meio da Palavra e dos caminhos de Deus.
Seus caminhos não são os nossos, seus planos não são os nossos e,
assim, aquele que conhece sua Palavra irá odiar a falsa sabedoria e se
agarrar aos caminhos de Deus.
N (nun) responde essa questão básica: como pode a pessoa
sábia se manter nos caminhos de Deus em um mundo que é tão hostil ao
cristão? O mundo está cheio das trevas da falsa sabedoria, e os filhos
de Deus são estrangeiros cercados por perigos. Mas sua Palavra é uma luz para nossos pés – nosso GPS que nos irá levar para casa.
O (samech) ensina que, enquanto a Palavra de Deus guia os crentes, o julgamento de Deus certamente aguarda aqueles que não vem para a luz
Mas para aqueles que vem, ayin mostra que Deus os protege sob suas mãos. Se você está na luz, você é um escravo de Deus, um escravo da santidade e um escravo de Sua Palavra.
P (pe), então, mostra como Deus usa seus escravos. Ele os coloca em uma guerra santa, uma batalha contra o pecado. Somos seus guerreiros, e a santidade é nosso campo de batalha.
Tsade ilustra as linhas de batalha: Deus é justo, e todos os outros estão do outro lado. Se você não estiver reconciliado com ele por meio do Verbo, você é seu inimigo.
À luz dessa divisão, Q (cough) mostra que devemos confiar na oração. Somos soldados em batalha e a oração é nosso meio de comunicação com o Comandante.
R (resh) simplesmente ensina que oração não é o suficiente para a nossa batalha - o que é bom, porque você não está sozinho. Deus sempre responde aqueles que oram com fé, e ele irá salvar aqueles que clamam a ele.
S (shin) é uma representação daqueles que foram resgatados. É
uma descrição do que eles fazem, com o que eles se importam e como eles
se sentem. Vemos que aqueles que são resgatados amam a palavra de Deus e odeiam os inimigos de Deus.
T (ou “Z”, tav, a última letra) sobe os créditos e exibem uma imagem eterna do crente resgatado como uma ovelha que necessita de seu pastor.
Mesmo após passear pela vida do crente, de A a Z, ainda estamos na
posição de ovelhas, totalmente dependentes da palavra de Deus.
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