Cinco Votos para Obter Poder Espiritual.

Primeiro - Trate Seriamente com o Pecado. Segundo - Não Seja Dono de Coisa Alguma. Terceiro - Nunca se Defenda. Quarto - Nunca Passe Adiante Algo que Prejudique Alguém. Quinto - Nunca Aceite Qualquer Glória. A.W. Tozer

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Quem poderá nos defender dos excessos de pastores egocêntricos?

   

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Por Thiago Oliveira


Lamentavelmente escrevo esse texto sabendo que muitos vão aqui comentar coisas do tipo: “Ele faz isso, mas ganha muitas almas para Jesus, e você o que faz além de julgar?” ou “Ele fez o que de errado? Ora, deixem ele falar do Evangelho.” Daí você se pergunta, quem é ele e o que ele faz/fez. Ok, vou explicar.

O Pr. Lucinho Barreto, da Igreja Batista da Lagoinha pregou no último Sábado (06/12) um sermão intitulado “E agora, quem poderá me defender?” Até aí tudo bem... Sobre a pregação, a intenção era falar sobre depender de Deus. Ótimo! Só que o Lucinho chega no púlpito vestido de Chapolin Colorado (veja aqui) e é ovacionado por isso. Diante dos aplausos ele arremata o bordão do famoso personagem do recém falecido Roberto Bolaños: “Não contavam com minha astúcia!”

No púlpito, o Lucinho conta diversas piadinhas e até faz referência a uma música da funkeira Anita (Pre-pa-ra). Ele grita, se ajoelha, acena, assobia, gargalha... enfim, um típico showman. Seria muito bom para uma empresa tê-lo como palestrante motivacional. Talvez algum programa televisivo fizesse sucesso com um apresentador tão eletrizante quanto ele. Mas para ser um mensageiro bíblico, o Lucinho com a sua personalidade narcisista, está distante do que Deus requer para o ofício de ser porta-voz da Palavra revelada.

Em seu excelente livro, Supremacia de Deus na Pregação, o Pr. John Piper fala que o alvo da pregação deve ser a glória de Deus. Ou é isso, ou de nada vale pregar. A partir do momento que um pastor ou mensageiro da Palavra começa a desfocar desse alvo, deixando de manter a sobriedade, este deixou de glorificar ao seu Senhor e até passa a querer ser o centro das atenções. E muitos em nosso meio costumam associar sobriedade com frieza. Se um pastor conduzir os ouvintes a quietude, muitos acharão que a mensagem foi enfadonha, morosa, lúgubre, etc. Segundo Piper (pág 49), muitos pastores têm se deixado levar por tal pensamento e o resultado disso é:

“...uma atmosfera de pregação e um estilo de pregação contaminados com trivialidades, leviandade, negligência, irreverência e uma sensação generalizada de que nada de proporções eternas e infinitas está sendo feita ou dita aos domingos”.

Obviamente que o pregador não precisa ser engessado ou robótico. Ele deve ser vibrante, entusiasmado, afinal, é do Evangelho que ele fala. E não há nada mais vibrante do que o Evangelho, não é mesmo? Charles Spurgeon, um dos maiores evangelistas da história da Igreja tinha um humor peculiar. O pastor presbiteriano Augustus Nicodemus é, atualmente, um bom exemplo de alguém que faz o bom uso do humor e conta suas anedotas vez ou outra. No entanto, leviandade é diferente de bom humor. Lógico que uma risada é sadia e que a alegria é marca de todo o cristão satisfeito em Cristo Jesus. Mas para tudo existe limite. Transformar um sermão num roteiro de stand-up comedy não é uma ideia sensata. A pregação é a forma que Deus estabeleceu para falar aos pecadores e auxiliar na perseverança dos santos. Se as pregações virarem palhaçada, como alguém dará crédito a esta mensagem?


O próprio Lucinho é exemplo disso. Ele inventou de “cheirar a Bíblia” para dizer que os jovens precisam ser loucos por Jesus. Sua iniciativa, com perdão do termo, abobada, virou matéria de um programa de TV e o apresentador não aguentou e mandou que a matéria deixasse de ser exibida, ao vivo (veja aqui). Um incrédulo censurou o Lucinho, que para a repórter que o entrevistava, disse que fazia essas coisas para atrair os adolescentes, pois estes acham os assuntos sobre Deus (ou religião) muito chatos.

É justamente nesse afã de querer incrementar o Evangelho que as bizarrices começam a se proliferar. Como disse anteriormente, alegria é inerente do cristão e o apóstolo Paulo escrevendo aos filipenses fala muito sobre alegria (Fl 4.4). Porém, na mesma carta, Paulo chora por causa dos inimigos da cruz de Cristo (Fl 3.18). Ou seja: nem tudo são flores! Se o alvo da mensagem é a glória de Deus, e Ele é glorificado quando chamamos pecadores ao arrependimento, esta mensagem não pode ser trivial. Se vestir de Chapolin é algo tão despojado que fere o caráter sóbrio da pregação que diz “arrependei-vos e convertei-vos”. Não só a sobriedade como também a seriedade desta mensagem, pois a resposta a ela resultará em vida eterna ou morte eterna.

Em 2 Timóteo 4.3 lemos o seguinte Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos. Isso é um retrato do que estamos vivendo. Incomodados com a agressão que é a Palavra de Deus (ou você acha que uma espada que penetra na divisão das juntas e medulas não causa dor?), os homens de nosso tempo forjam um pseudo-evangelho que massageia o ego e diz tudo aquilo que queríamos ouvir, e não o que devemos ouvir. Spurgeon, certa feita disse que chegaria um dia em que no lugar dos pastores alimentando as ovelhas haveria palhaços entretendo os bodes. Ele estava muito certo.

O egocentrismo de pastores feito Lucinho e outros que para serem notados e ganharem fama nas redes sociais vestem coisas bizarras (veja aqui) e falam palavrões, são um câncer que vem destruindo a Igreja progressivamente. Aonde estão os homens que pregam a cruz? Aonde estão os pastores que não querem o aplauso dos homens? Aonde estão as pregações que falam que Deus lançará no inferno os pecadores resolutos?

Não desanime, ainda existem homens comprometidos com o Evangelho ao ponto de negarem o aplauso dos seus ouvintes. Duvida? Então, se não conhece, recomendo a você a assistir o vídeo dessa pregação aqui no Paul Washer. E para terminar, contarei uma anedota que não me lembro onde li ou ouvi, sobre o já citado Charles Spurgeon. Mas ela diz que numa certa conferência na Inglaterra vitoriana, alguns jovens ao verem o pastor do primeiro dia pregar ficaram maravilhados e diziam entre si: “Você viu aquele pregador? Nossa como ele prega bem. Que oratória. Que sermão!”. No segundo dia, Spurgeon foi o preletor e após a conclusão da sua mensagem os jovens, novamente admirados, falavam uns com os outros: “Você viu como Jesus é perfeito? Como Jesus é bom! Como Jesus é admirável! Quão lindo é Jesus”.

Que Deus nos presenteie com pastores segundo o Seu coração! Soli Deo Gloria!

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Fonte: Electus
Divulgação: Bereianos
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