por Jeff Robinson | 29 de janeiro de 2015
Pergunte aos meus quatro filhos o que o pai deles ama, e o item que virá logo após “Jesus, a mamãe, baseball e o Georgia Bulldogs [time de futebol americano universitário],” provavelmente será “pessoas mortas.” Por quê? Tirando o fato de que sou professor de História da Igreja, eu entendo que é importante que meus filhos – mesmo que ainda muito novos – entendam a riqueza da fé que tenho passado a eles a partir das Escrituras. (E sim, eles sabem que o herói desse livro voltou da morte).
Presumindo que eles têm ouvido, meus filhos podem te contar algo sobre Lutero, suas 95 teses e uma porta de igreja em Wittenberg (às vezes eles pronunciam o W como V porque acham que soa como um inseto). Eles podem te contar sobre Calvino e o seu intenso confronto com Guilherme Farel. Eles podem te contar que Willian Carey é o pai das missões modernas (e eles provavelmente vão te lembrar que ele era batista). Eles podem te contar que Spurgeon fumava um casual charuto e que um homem com o engraçado nome de Atanásio ganhou o dia em uma reunião chamada Conselho de Nicéia (eles provavelmente vão lembrar a data certa também – 325 a.C.). Eles sabem que uma importante batalha aconteceu em uma ponte chamada Mílvia (ou como o meu filho de 6 anos chama, “Melvin”). Eles têm aprendido até mesmo que aquelas pessoas que aparecem na nossa varanda aos Sábados com as suas revistas “Sentinela” em mãos são os Arianos dos dias de hoje. Eu tinha pelo menos 30 anos antes de saber tudo isso.
De maneira alguma a história da igreja deve suplantar o ensino da Bíblia à sua família. O culto familiar e a Palavra de Deus devem vir em primeiro lugar na sua casa. Mas os benefícios de ensinar a eles algo sobre as figuras-chave e os movimentos da rica herança da igreja são inúmeros. Aqui há sete razões pelas quais você deveria ensinar seus filhos a história da igreja.
1. Porque eles precisam saber que o Cristianismo é uma fé histórica. Jesus realmente viveu. Ele morreu. Ele ressuscitou. Ele subiu ao céu. Ele está edificando sua igreja, assim como ele prometeu. A história da igreja é testemunha de todos esses fatos, tudo que aconteceu – e que está acontecendo – no tempo e na história. Eu não quero que eles confundam a historia da redenção como O Hobbit, com As Crônicas de Nárnia, Robinson Crusoé ou Rapunzel.
2. Porque nós queremos que eles evitem o esnobismo cronológico. Como C.S. Lewis colocou, novo não significa necessariamente melhor (ou vice-versa). Como seus pais, nossos filhos são constantemente inundados com mensagens de “novo” e “melhor” – versões 1.1, 1.2, 1.3, e similares. Eu quero que meus filhos saibam que o Evangelho não é novo, não pode ser melhorado, e nunca vai mudar. Eles devem saber também que, embora não haja uma “era de ouro”, no que diz respeito à história do homem, grandes avivamentos no passados nos levam a orar para que Deus faça de novo.
3. Porque eles precisam saber que pela Bíblia vale a pena morrer. Uma das definições da história da igreja que dou aos meus alunos é simples, “uma batalha pela Bíblia,” o que significa dizer que a história da igreja é um relato de 2 mil anos de guerra entre heresia e ortodoxia, entre disputas de interpretações da sagrada Palavra de Deus. Eu quero que meus filhos saibam que o preço da nossa Bíblia – especialmente a que nós temos em casa, traduzida para o nosso idioma – não saiu barato. Homens e mulheres foram presos, perseguidos, espancados e mortos para que nós pudéssemos ler a Bíblia na nossa língua nativa. Eles também debateram, lutaram, foram perseguidos e até mesmo morreram se mantendo firmes em uma interpretação ortodoxa da Palavra.
4. Porque eles precisam saber que teologia é importante. Eu quero que eles saibam sobre Agostinho e Pelágio, Calvino e Armínio, Wesley e Whitefield e as diferenças teológicas que os diferenciam, e porque tal divisão foi necessária. Eu quero que meus filhos sejam bons teólogos, cientes de que todo mundo tem uma teologia e nem todos seguem as Escrituras. Eu quero que eles saibam que ideais tem consequências, tanto para o bem quanto para o mal. O apóstolo Paulo tinha uma cosmovisão. Hitler também teve uma.
5. Porque eles precisam ver que nós somos parte da igreja de Cristo através das eras. Nós são somos os primeiros cristãos. E por mais que a minha educação cristã tradicional possa ter insinuado (principalmente pelas músicas) o contrário, a vovó não foi a primeira cristã. Eu quero que eles conheçam sobre a coragem de Atanásio, o martírio de Justino e Policarpo, a genialidade de Calvino, as inesquecíveis palavras de Lutero e a batalha pela Bíblia na minha própria denominação. Os capítulos finais da vida de nossos heróis foram escritos, então sabemos como a caminhada deles com Deus acabou, e grandes homens e mulheres da história da igreja são excelentes ilustrações de perseverança na fé (veja Hebreus 11).
6. Porque nós queremos que eles saibam que mesmo os grandes homens são profundamente falhos. Pinte a imagem completa, tridimensional, de nossos heróis das páginas da historia da igreja – o bom, o mau, o feio – para lembrar aos nossos filhos que Jesus foi/é o único homem perfeito. Conte a eles que alguns dos grandes líderes espirituais como o Rei Davi no Antigo Testamento fez coisas tolas, como lembrete de que pecadores são salvos apenas pela justiça de Jesus. Deus traça linhas retas com ferramentas tortas. Talvez essa perspectiva possa ajudar a orientar nossos filhos para longe dos caminhos mortais do farisaísmo e perfeccionismo.
7. Porque isso encoraja-os a obedecer o nono mandamento. Deturpar a teologia ou as ideias de alguém é falso testemunho contra eles. Calvino não inventou a predestinação. Livre arbítrio não é uma ideia exclusiva de Armínio. Wesley (os dois Wesleys, na verdade) e Whitefield muitas vezes foram duros entre si em cartas e sermões, muitas vezes ficaram sem se falar, e não houve nada de “doce discórdia” no relacionamento deles, como ficou registrado muitas vezes. Além disso, a caricatura deturpa. E deturpar intencionalmente é violar o mandamento de Deus. Faça com que se acostumem com essa ideia desde novos. Pela Graça de Deus, isso vai prepará-los para serem piedosos membros da igreja.
Via: Reforma 21