Por André Storck
Ultimamente tenho parado para observar quão difícil é ser um cristão em nossos dias. Não que isso seja uma novidade, pelo contrário, há muito tempo todo cristão que se preze sente na pele o peso advindo da natural repulsa que um viver de acordo com princípios bíblicos gera nas pessoas que se consideram independentes de Cristo.
Contudo, de uns tempos para cá a coisa tem piorado. Acontece que, como se não bastasse a perseguição por parte de uma sociedade avessa à ética cristã, o peso sobre os ombros dos fiéis tem sido aumentado pelos próprios líderes religiosos mal preparados e por falsos mestres.
As chamadas igrejas (ou seitas, como queiram) neopentecostais são as principais responsáveis por esse fenômeno, elas armam uma verdadeira equipe de guerra para cortar pela raiz qualquer iniciativa dos crentes no sentido de estudarem mais a fundo a Bíblia, o que os levaria -por definição - a se libertarem do julgo de superstições e mentiras. A tática do medo e da ameaça é a principal arma dos falsos profetas.
Os ensinamentos não bíblicos espalhados pregam mais ou menos o seguinte para os crentes mais simples que geralmente frequentam esses tipos de igrejas:
“Você deve obedecer tudo que o pastor mandar, você deve votar em quem o pastor mandar, você deve dar o dízimo e ofertas todo mês e você não pode beber álcool ou fumar.”
Esses mandamentos criados e impostos sobre as pessoas são logo seguidos da ameaça de medo e promessa de prosperidade:
“Se você fizer isso o diabo não poderá atacar a sua vida e você irá prosperar na saúde e financeiramente.”
É claro que as regras impostas não são de todo ruins. Isso porque existem pastores que são verdadeiros servos de Deus e buscam apascentar as ovelhas com amor e zelo. Há pastores honestos que não colocam o dinheiro em primeiro lugar, ao contrário, querem cuidar dos fiéis e honrar a Deus. Pastores que disciplinam de acordo com a Palavra as ovelhas que se desviam, sejam elas grandes dizimistas ou desempregadas. A esses homens devemos respeito e reverência.
O princípio bíblico do dízimo também é algo que - de fato - subsiste até os dias de hoje. Cada crente tem o dever de colaborar de bom grado para a manutenção da igreja. Como afirmou o apóstolo Paulo, cada um deve dar de acordo com o que proposto no coração, não por tristeza nem por necessidade, mas porque Deus ama a quem dá com alegria.
E, por fim, os malefícios do fumo em qualquer quantidade e também da ingestão de álcool de forma desregrada são conhecidos de todos. Ensinar a evitá-los ajuda tanto a saúde física quanto financeira dos fiéis.
Então o leitor deve estar se perguntando, onde está o erro? Onde está o peso extra colocado nas costas do povo de Deus?
O erro acontece, na chantagem e na contraproposta oferecida. Acontece quando a igreja começa a acrescentar deveres não prescritos na Bíblia e impô-los aos crentes de maneira muito parecida como fez e ainda faz a Igreja Católica. Acontece ainda quando fazem promessas não bíblicas que não se concretizam, gerando decepção e levando os mais fracos a cair. Pecam ao colocar sobre as costas das pobres e exploradas ovelhas um peso que Jesus nunca recomendou.
Vejo com tristeza, por exemplo, o ensinamento não bíblico da ideia de “brechas”, segundo a qual o crente teria “poder” de dar autoridade para que o diabo atuasse sobre sua vida. Ora bolas, Deus não abriu mão de sua soberania. Pelo contrário, ele sabia que mesmo após a conversão nós ainda continuaríamos sujeitos a cair em tentação e pecar e, por isso, disse: “a minha Paz vos dou”. Ora a paz que Cristo dá é a certeza da salvação e de sua soberania “Todo o poder me foi dado”. É por isso que a paz de Jesus não é como a paz que o mundo dá, pois a paz do mundo só existe enquanto você seguir certinho todas as regras do mundo (e olhe lá). Por outro lado, a paz de Cristo permanece mesmo depois que você caiu e pecou, porque Ele sabe que isso acontecerá enquanto não formos para o céu. Cristo não perde o controle sobre sua vida depois que você peca. Daí que ele não nos deu a paz como o mundo a dá, ou seja, de forma condicionada. Ele disse em seguida “não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”. Você só precisa se arrepender, confessar e voltar a Cristo depois de ter caído.
Mas muitas igrejas usam a tática do medo para manter os irmãos mais simples presos ali, dando o dízimo todo mês e votos nas eleições de dois em dois anos. Dizem: “Se você sair ou mudar de igreja, se você não votar em quem o pastor mandar, se você não der o dízimo dará “legalidade” ou abrirá “brecha” para o diabo entrar em sua vida e acabar com você e sua família”.
São vários os exemplos de ensinamento não bíblicos usados nessa tática do medo: “maldições adquiridas”, “caça a demônios territoriais”, “maldições hereditárias”, “mensagens subliminares” etc.
Os crentes que poderiam estar estudando a Bíblia, dando respostas sábias ao mundo, evangelizando, influenciando as artes, as músicas, influenciando no trabalho, nas escolas, na mídia e em muitos outros lugares ficam alienados vivendo com um terrível peso nas costas, um peso de medo e superstição. Vivem por aí "amarrando" demônios de imagens, pessoas e objetos, vivem procurando algum objeto “consagrado” em sua casa que pode estar dando “legalidade” ao inimigo. Veem demônios em tudo ao invés de reconhecer os próprios erros. Vivem correndo e tapando os ouvidos ao ouvirem músicas feitas por não crentes, vivem correndo de festas e confraternizações que tenham álcool, enquanto Jesus fazia o contrário.
Já vi cristãos que deixam de evangelizar porque acham que primeiro tem que “amarrar o demônio que está tapando o ouvido da pessoa”.
Irmãos que tarefas e pesos são esses que Cristo nunca colocou sobre nós? Que coisas são essas que alguns dizem que temos que fazer sem mostrar a base bíblica para tal? Que regrinhas são essas que nem Cristo, nem os profetas e nem os apóstolos seguiram?
Ide e pregai o evangelho, batizai e ensinai. O Espírito Santo se encarrega de convencer o coração e os anjos são os que lutam as batalhas espirituais.
Deus tem levantado em todo o Brasil milhares e milhares de cristãos que em contato com os estudos bíblicos da reforma protestante têm buscado novamente a pureza da igreja, uma igreja que viva somente de acordo com o que a Bíblia diz. Esses verdadeiros profetas por certo serão perseguidos e terão um peso extra da discriminação dentro da própria igreja, pois o verdadeiro Evangelho liberta e tal libertação não diz respeito só à alma, mas mexe também com a própria estrutura de poder criada por muitos líderes que são voltados para o seu próprio umbigo e precisam do falso evangelho para manter o estipêndio ($).
Mas é nesse contexto que escrevo a todo irmãozinho e irmãzinha em Cristo, para que entreguem esse peso que falsos mestres colocaram sobre suas costas para Jesus, descansem na Paz que só o Senhor pode dar, confira tudo o que te dizem com o que está escrito na Bíblia e meditem nos singelos versos do nosso Mestre:
Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomais sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve. MATEUS 11:28-30.
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