Já sonhou que está nu num lugar público? Muitas pessoas dizem que já sonharam assim. Eu sou uma dessas pessoas. Poucas coisas podem ser mais aflitivas e desesperadoras. Acordei e não pude deixar de pensar que esta é a metáfora da vida.
A vergonha nos atormenta desde que Adão e Eva comeram do fruto e perceberam que estavam nus. O primeiro instinto deles foi se esconder de Deus e se tapar e cobrir da vista do outro (Gn 3.7-11). Não é uma admiração para nós eles agora estarem se sentindo culpados diante de Deus e vulneráveis um ao outro e a acusação de Satanás de uma forma horrível.
De repente eram pecadores... viam feiura dentro de si... se viram fracas, danificadas e num mundo perigoso e hostil para eles. Um mundo e criação que já não sorria para eles. E sabiam que se encontravam sob o julgamento de um Deus justo ( Gn 3.17-19, Rm 6.23) – expostos não só ao julgamento, mas a rejeição pecaminosa de outros pecadores e vulneráveis certamente às acusações da Serpente ( Ap 12.10 ).
Vivemos aqui, neste mesmo mundo perigoso e temos o mesmo instinto no coração de nos esconder o tempo todo. Porque o pecado é uma realidade me nossos corpos ( Rm 7.23) e porque percebemos o tempo todo que somos pressionados pela fraqueza ( Hb 5.2 ) – o tipo de vergonha que experimentamos dia à dia é uma soma terrível e poderosa de orgulho e fracasso.
Moralmente falhamos ( pecados ), falhamos também devido as nossas limitações ( fraqueza ) e fracassamos também porque toda a criação, da qual somos parte, está sujeita à futilidade e nada funciona corretamente aqui e agora ( Rm 8.20).
Não conseguimos viver de acordo com nossas expectativas e não conseguimos viver de acordo com a expectativa das outras pessoas. E porque o orgulho pecaminoso é uma realidade inexorável, estamos sempre envergonhados de nossos fracassos e fraquezas – iremos quase tentar o impossível para escondê-los.
A verdade é que a vergonha alimentada pelo orgulho exerce um poder enorme sobre todos nós. Grande parte de nossas vidas são consome energia preciosa tentando o tempo todo evitar a exposição do que queremos esconder... odiamos nos sentir nus.
Mas na verdade, seria um grande erro, imaginarmos que só porque o orgulho é grande parte motivadora em nos esconder, esconder seja o problema. O problema está em que sempre queremos esconder tudo isso num lugar errado. Sentir vergonha não é a mal em si mesmo. O que nós precisamos é de um lugar certo para nos esconder.
Não podemos arrumar um lugar para os esconder. Nossas tentativas aumentam o problema, pois há um só lugar para nos escondermos e que oferece verdadeira proteção que é tanto ansiada por nós. Não precisamos temer mais: o refúgio é Cristo ( Hb 6.18-20).
Não qualquer outro lugar para irmos com o nosso pecado... com a nossa nudez... precisamos de expiação ( At 4.12) para nossa culpa real. Mas nele temos abrigo e purificação ( 1 Jo 1.9 ) – Deus é o nosso único refúgio para nossa vergonha de Deus. Quando estamos escondidos não atrás de uma árvore que escolhemos, mas da cruz escolhida voluntariamente por Cristo, todas as promessas de Deus que anulam a maldição encontram seu amém, seu sim, em Cristo ( 2 Co 1.20).
Há um grande poder na vergonha... e ela é profundamente alimentada por mais pecado, o orgulho. Tudo isso só pode ser quebrado por um poder superior de uma fé concedida soberanamente por Deus, que por ser um dom, é alimentada pela humildade – oposta ao orgulho que quer se cobrir – de ver que sua única cobertura é outro.
A Vergonha nos declara culpados e deficientes... é verdade, é o que a Lei diz. A Cruz nos declara inocentes e promete graça sobre graça que será suficiente para nós em todas as nossas fraquezas (2 Co 12.9-10). Quando Cristo é tudo... não há lugar para a vergonha... já que Ele, que é nosso tudo, é nossa santificação, justiça e santidade perfeita ( Col 3.11 ). Ao ter Jesus como nossa justiça ( Fil 3.9 ) e provedor de TUDO que necessitamos ( Fl 4.19) – a vergonha perde TODO seu poder sobre nós. Somos vistos como perfeitos pelos olhos que sequer podem contemplar o mal... os olhos de Deus passam ser nosso prazer e não nosso terror.
Por: Josemar Bessa
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Fonte: Site do autor.