Exemplo e Herói
Jesus é o nosso principal exemplo e herói. Ele se tornou pobre para que
nós pudéssemos nos tornar ricos (2Co 8.9). Ele “se esvaziou, assumindo a
forma de servo” (Fp 2.7). Alguns dizem que Jesus tomou a maldição para
que não precisássemos viver sob ela, e portanto, não sofreremos como ele
sofreu. Mas em ambas passagens Jesus nos é apresentado como um exemplo a
ser seguido. Paulo até mesmo diz que deseja ter “a comunhão dos seus
sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte” (Fp 3.10). Há uma
profundidade de unidade com Cristo que experimentaremos somente quando
sofrermos como ele sofreu. E para nós, união com Cristo é a maior
riqueza.
Muitos dos seguidores seguidores de
Jesus no Novo Testamento eram pobres. Os macedônios eram heróis porque
deram, apesar de sua pobreza. “Também, irmãos, vos fazemos conhecer a
graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia; porque, no meio de
muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a
profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua
generosidade” (2Co 8.1-3). A generosidade desses pobres cristãos é
descrita utilizando a palavra riqueza. Em uma passagem de
repreensão à igreja por considerar o rico como superior ao pobre, Tiago
diz: “Ouvi, meus amados irmãos. Não escolheu Deus os que para o mundo
são pobres, para serem ricos em fé e herdeiros do reino que ele prometeu
aos que o amam?” (Tg 2.5). Os crentes pobres são, na verdade, ricos!
Nas cartas às sete igrejas em
Apocalipse, apenas duas igrejas não recebem uma repreensão. E ambas são
descritas como não possuindo o que o mundo considera como sucesso
material. A primeira é a igreja em Esmirna. O anjo fala de sua
“pobreza”, e imediatamente diz: “Mas tu és rico” (Ap 2.9). A segunda é a
igreja em Filadélfia, que é descrita como tendo “pouca força” (Ap 3.8).
Elas eram duas raras exceções de igrejas tendo estilos de vida
aprovados por Deus em um tempo de grande compromisso. E elas eram pobres
e fracas! Não é interessante como cristãos pobres nessas passagens são
descritos em termos que sugerem que eles eram ricos? Esse senso de ser
rico constitui um importante aspecto da identidade de um cristão. Se
estamos felizes com a nossa identidade, então certamente seremos pessoas
felizes.
A igreja mãe em Jerusalém consistia
principalmente de pessoas pobres. Então outras igrejas tinham que
ajudá-la. Não há nada que diga que eles eram pobres por que havia algo
de errado em suas crenças ou ações. Era um tempo de dificuldade
econômica em Jerusalém, isso pelo fato de que muitos aposentados haviam
perdido seus benefícios de aposentadoria quando se tornaram cristãos.
Portanto, os cristãos em Jerusalém tinham grandes necessidades
econômicas, as quais cristãos de outras partes do mundo atenderam
através de suas doações missionárias.
É verdade que o Antigo Testamento promete prosperidade
como uma das bênçãos da fidelidade a Deus (por exemplo Dt 28.11). Mas
devemos lembrar que tais promessas foram feitas a uma nação justa sob a
Antiga Aliança. O Antigo Testamento frequentemente descreve a dor dos
indivíduos justos daquela nação que tinham dificuldade com o fato de que
os perversos estavam prosperando enquanto eles não. Muitos dos lamentos
nos Salmos mencionam essa dificuldade. O Salmo 73 é um clássico. Aqui, a
dificuldade de Asafe com relação à sua falta de prosperidade comparada à
prosperidade do perverso só é resolvida quando ele percebe que Deus
julgará o perverso com justiça. Os livros de Jó e Habacuque ressaltam a
fé de pessoas genuinamente piedosas que honram a Deus, recusando
desistir de confiar nele em meio a terrível sofrimento. O Antigo
Testamento, então, não garante ao justo a prosperidade. De fato, assim
como o Novo Testamento, ele também adverte as pessoas frequentemente
quanto aos perigos da prosperidade (por exemplo Dt 6.10-25; 8.11-20;
32.15-18).
Por último, a história mostra que alguns dos maiores períodos de crescimento da igreja aconteceram quando os cristãos eram realmente pobres e passavam dificuldade.
Isso aconteceu recentemente na China, no Nepal e na Coreia (nos
primeiros anos de crescimento da igreja), e agora no Irã, onde há
crescimento significativo. Muitas qualidades, tais quais confiança como
de uma criança, são mais fáceis para o pobre desenvolver em sua vida.
Essa é uma razão pela qual Jesus disse que é tão difícil para o rico
entrar no reino de Deus.
O plano de Deus
Não há dúvida de que a Bíblia ensina que
pessoas que tem fé e são ricas têm um importante papel no plano de
Deus. Algumas pessoas exemplares na Bíblia, como Abraão (Gn 13.2),
Barzilai (2Sm 19.32), a mulher sunemita que ajudou Elias (2Rs 4.8), e
José de Arimateia (Mt 27.57), foram especificamente descritas como sendo
ricas. Após dizer que o rico não deve ser orgulhoso, Paulo diz que
“Deus [...] tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento” (1Tm
6.17). Ter prazer nas coisas que o dinheiro pode comprar não é
necessariamente errado. Ao mesmo tempo é significativo que cada uma
dessas quatro pessoas prósperas e piedosas mencionadas tenham sido
elogiadas por sua generosidade.
Cristãos ricos podem honrar a Cristo
especialmente ao serem humildes, generosos e piedosos enquanto são
ricos. Cristãos pobres podem honrá-lo especialmente sendo contentes,
cheios de fé, generosos e piedosos enquanto são pobres. É evidente que,
na Bíblia, a riqueza é bem menos importante que o contentamento, a
alegria, a paz, a santidade, o amor e a generosidade. Pessoas com tais
características são, de acordo com a Bíblia, verdadeiramente prósperas,
quer sejam economicamente ricas ou pobres.²
—
² Veja Jonathan Lunde e Craig Blomberg, Christians in an Age of Wealth: A Biblical Theology of Stewardship Fonte: Voltemos ao Evangelho
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