Por: Matt Merker
O que você precisa para fazer
evangelismo? Os ingredientes não são muitos. Você precisa do evangelho,
as boas novas de Jesus Cristo. Você precisa de um evangelista, alguém
que anuncie essas boas novas. E tem mais uma coisa: você precisa de
público — pelo menos uma pessoa que ainda não creu no evangelho.
Para muitos pastores, essa última é a
parte mais difícil. Em uma semana repleta de preparo de sermão,
reuniões, aconselhamento, administração, visitas a hospitais e ligações
tarde da noite pedindo por ajuda; sem mencionar o cuidado da sua própria
alma e da sua família, como o pregador consegue encontrar tempo para
compartilhar as boas novas com incrédulos?
Em certo sentido, essa é uma tensão boa e necessária. Quando o ministro responde ao chamado ao pastorado, ele meio que recua
da linha de frente do evangelismo para o campo de suprimentos. Ele não
mais é um soldado em combate corpo-a-corpo. A sua prioridade agora é
agir como um general: o seu trabalho envolve criar estratégias, equipar e
delegar (veja Ef. 4.12).
A esperança é que, ao treinar evangelistas, ensinar sobre evangelismo e
proclamar o evangelho semanalmente à igreja reunida, o ministério
evangelístico do pastor multiplique ao invés de diminuir. Isso é bom e
correto, e pastores não deveriam se sentir culpados por priorizar o
papel singular que Deus deu a eles de cuidar das ovelhas e treiná-las no
ministério. Um pastor não é um louco por evangelismo, mas um
capacitador de evangelismo.
Mas isso não significa que o seu
ministério pessoal de evangelismo deva se desintegrar. Paulo instruiu o
jovem pastor Timóteo a fazer "o trabalho de um evangelista" (2Tm 4.5).
Até mesmo o maior general ainda é um soldado em essência. O pastor
nunca deve se tornar tão confortável em ensinar a outros como
evangelizar que o seu próprio zelo por compartilhar o evangelho evapore
de tanto ferver em segundo plano. Pastores que são zelosos por
evangelismo tendem a ter congregações que são zelosas, enquanto pastores
que raramente evangelizam podem descobrir que as suas congregações são
igualmente indispostas.
CINCO MANEIRAS DE UM PASTOR CULTIVAR EVANGELISMO
Então, como um pastor pode cultivar
oportunidades para o evangelismo? Visto que eu preciso de tanto
crescimento quanto qualquer pastor, eu contatei alguns amigos pastores
para perguntar-lhes como eles priorizam o evangelismo em suas agendas
cheias. Baseado em suas respostas, aqui estão cinco sugestões:
1. Seja Criativo
Primeira sugestão, seja criativo. Para
conhecer mais incrédulos, você precisa estar disposto a pensar fora da
caixa. Um pastor de uma cidade pequena me disse que ele e seus
presbíteros frequentemente fazem suas reuniões administrativas em
cadeiras de jardim no seu quintal da frente. Eles estão dispostos a
sacrificar a eficiência pela oportunidade de conversar com vizinhos que
possam passar por ali — e ficam entusiasmados quando alguém aparece
querendo conversar sobre Cabala [tipo de misticismo que se baseia em
decifrar a Torá, texto central do judaísmo]. É uma oportunidade
instantânea para o evangelho.
Outros mencionaram usar hobbies ou
afazeres como maneiras de maximizar oportunidades evangelísticas. Em vez
de fazer umas cestas com amigos cristãos, pode-se encontrar um grupo de
empresários locais com quem jogar, abrindo a porta para novas amizades.
Um pregador da Península Arábica disse que o tempo em família no clube
local é uma das melhores maneiras para fazer amizades com aqueles que
vivem em sua vizinhança.
Criatividade também é útil quando se
tenta transformar uma conversa que seria mundana com um vendedor, um
vizinho ou um garçom em questões espirituais. Se alguém está falando
sobre as notícias, esportes ou até mesmo o clima, normalmente há uma
abertura para apresentar uma relevante verdade sobre Deus ou sobre o
nosso mundo caído que possa levar a uma discussão mais profunda. Para
isso, é claro, precisamos não apenas de raciocínio criativo, mas de
ousadia e amor forjados pelo Espírito para lançar fora o medo do homem e
compartilhar Cristo quando é constrangedor fazê-lo.
2. Seja Consistente
Segunda, seja consistente. Você está
disposto a abandonar a variedade e comer no mesmo restaurante repetidas
vezes para passar a conhecer seus funcionários? Há anos, meu próprio
pastor foi modelo dessa consistência em nome do evangelho, tanto que
fazemos piadas sobre ele ser o capelão da modesta lanchonete onde todo
garçom e garçonete sabe o nome dele e vem a ele com questões
espirituais.
Outro amigo me falou dos frutos que ele
desfrutava ao visitar a mesma lavanderia, semana após semana, e orar por
oportunidades para falar sobre Cristo com os funcionários.
Eventualmente, uma das funcionárias visitou a sua igreja, uniu-se a um
grupo de estudo bíblico com algumas das mulheres da igreja e
recentemente fez sua profissão de fé em Jesus.
3. Seja Consciente
Terceira, seja consciente. Precisamos
orar por consciência com relação aos perdidos à nossa volta. Um aluno de
seminário na Inglaterra notou que quando ele está consciente de quantas
pessoas — mais provavelmente incrédulos — estão sentadas à sua volta no
trem, ele notavelmente abre a sua Bíblia e a lê. Conversas a respeito
de Deus frequentemente são o resultado.
Nesse sentido, vale a pena estar
consciente da utilidade do título de pastor. Muitas conversas começam
com: "Com o que você trabalha?" Responder: "Sou um pastor cristão" pode
parecer um pouco “passivo”, então, em vez disso, use uma resposta
“ativa”. Por exemplo, eu tentei incluir alguma versão da seguinte frase
na minha conversa. Eu digo algo como: "Eu sou um pastor em treinamento
em uma igreja. Então eu amo ouvir todo o tipo de pessoas e seus
pensamentos sobre Deus, espiritualidade e quem é Jesus".
E não se esqueça de que como pastor você
pode servir aos incrédulos na sua vizinhança de maneiras
"especificamente pastorais", o que quase sempre contém grandes
oportunidades evangelísticas. Um parente de um vizinho faleceu?
Ofereça-se para pregar no funeral.
4. Seja Colaborativo
Quarta, seja colaborativo. Encontre
maneiras de participar do evangelismo que a sua congregação já está
fazendo no local de trabalho e na vizinhança. Um pastor mencionou como
alguns empresários da sua igreja formaram um "grupo de investigação de
Deus", que se reunia regularmente durante o almoço no escritório, e o
convidaram para comparecer de vez em quando para construir
relacionamentos. O seu ministério de hospitalidade é uma grande forma de
conspirar com amigos cristãos em favor do evangelismo. Organize um
churrasco, um jantar ou uma noite de jogos e diga aos membros da igreja
que você irá convidar alguns amigos não-cristãos.
5. Seja Comprometido
Quinta, seja comprometido. Nenhum pastor
deve necessariamente adotar todas as ideias específicas acima — esse
não é o ponto. O ponto é que um ministério de pastorado deve se
assemelhar ao do Grande Pastor, que veio para "buscar e salvar os
perdidos" (Lc 19.10). O
chamado e a agenda singular do pastor certamente tornam isso um
desafio, embora devamos também admitir que frequentemente a nossa
própria preguiça e o nosso egoísmo nos impedem mais de evangelizar do
que circunstâncias complicadas.
ESTUDE E SABOREIE O EVANGELHO
Então, pastor, de que forma acontecerá o
comprometimento com o evangelismo na sua rotina semanal? Para começar,
deixe-me encorajar você a orar regularmente por oportunidades. Adquira
responsabilidade nessa área. Esteja consciente das suas tendências de se
omitir.
Mas, o mais importante, estude e
saboreie o evangelho. "Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando
nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram" (2Co 5.14).
Entesourar essa preciosa mensagem de Cristo e conhecer o seu poder nas
nossas próprias vidas é o melhor antídoto para a atrofia evangelística.
Tradução: Alan Cristie
Fonte: Ministério Fiel
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