Não quero
dizer que acontece com todos. Mas, acontece com muitos. Conheço vários
casos, inclusive próximos a mim, de jovens cristãos fervorosos,
dedicados, crentes, compromissados com Deus, que gostavam de orar e ler a
Biblia, que evangelizavam em tempo e fora de tempo, e que depois de
entrar no seminário ou faculdade de teologia, esfriaram na fé, setornaram
confusos, críticos, incertos e até cínicos. Como Tomé, não conseguem
crer (espero que ao final venham a crer, como graciosamente aconteceu
com Tomé).
Existem algumas razões pelas quais casos
deste tipo têm se tornado cada vez mais comum. Coloco aqui as que
considero mais relevantes, sempre lembrando que muitos seminários e
escolas de teologia levam muito a sério a questão da ortodoxia bíblica e
do cultivo da vida espiritual de seus alunos. Não é a eles a que me
refiro aqui.
1) Acho que tudo começa quando as
denominações mandam para os seminários e faculdades de teologia jovens
que não têm absolutamente a menor condição de serem pastores,
professores, obreiros e pregadores. Muitos são enviados sem qualquer
preparo intelectual, espiritual e emocional. Alguns mal fizeram 17 anos e
foram enviados simplesmente porque eram líderes destacados dos
adolescentes de sua igreja, eram líderes do grupo de louvor ou filhos de
pessoas influentes da igreja. Não é sem razão que Paulo orienta que o
líder não pode ser neófito, isto é, novo na fé (1Tim 3.6). Eles não têm a
menor estrutura intelectual, bíblica e emocional para interagir
criticamente com os livros dos liberais e com os professores liberais
que vão encontrar aos montes em algumas das instituições para onde serão
mandados.
2) Acho também que a culpa é das
denominações que mantêm professores liberais ou conservadores frios
espiritualmente nas cátedras de suas escolas de teologia. O que um
professor que não acredita em Deus, nem que a Bíblia é a Palavra de
Deus, não ora, tem para ensinar a jovens que estão na sala de aula para
aprender mais de Deus e de sua Palavra? Há seminários e escolas de
teologia que mantêm no corpo docente professores que nem vão mais à uma
igreja local, que usam o título de pastor apenas para ocupar uma vaga na
cátedra dos seminários. Nunca levaram ninguém a Cristo e nem estão
interessados nisso. Não têm vida de oração, de piedade. Que exemplo eles
poderão dar aos jovens que sentam nas salas de aula com a mente aberta,
ansiosos e desejosos de ter modelos, exemplos de líderes para começar
seus próprios ministérios?
3) Alguns desses professores têm como
alvo pessoal destruir a fé de todos os seus estudantes antes mesmo que
terminem o primeiro ano de estudos. Começam desconstruindo o conceito de
que a Bíblia é a infalível e inspirada Palavra de Deus. Com grandes
demonstrações de sapiência e erudição, eles mostram os erros da Bíblia e
o engano da Igreja Cristã, influenciada pela filosofia grega, em
elaborar doutrinas como a Trindade, a Divindade de Cristo, a Expiação.
Mesmo sem usar linguagem direta — alguns usam, todavia — lançam dúvidas
sobre a ressurreição literal de Cristo de entre os mortos. A pá de cal
na sepultura da fé desses meninos é a vida desses professores. Além de
não terem vida devocional alguma, alguns deles ensinam os seus pobres
alunos a beber, fumar e freqüentar baladas e outros locais. Eles até
lideram o grupo Noé (que se encheu de vinho) e o grupo Isaías (“e a casa
se encheu de fumo”) nos seminários!!
4) Bom, acredito que uma fé que pode ser
destruída deve ser destruída mesmo, pois não era autêntica e nem
sólida. Quanto mais cedo ela for destruída e substituída por uma fé
robusta, enraizada na Palavra de Deus, melhor. Acontece que os
professores liberais e os professores conservadores mortos só sabem
destruir; eles não têm a menor idéia de como ajudar jovens candidatos ao
ministério pastoral a cultivar uma mente educada, uma fé robusta e uma
vida de devoção e consagração a Deus: os primeiros, porque lhes falta
fé; os segundos, devoção. Ao fim de quatro anos de estudo com
professores assim, vários desses jovens saem para serem pastores, mas
intimamente — alguns, abertamente — estão cheios de dúvidas quanto à
Bíblia, quanto a Deus e quanto às principais doutrinas da fé cristã.
Estão confusos teologicamente, incertos doutrinariamente e cínicos
devocionalmente.
5) Não podemos deixar de lembrar que ao
final, se trata de uma guerra espiritual feroz, em que Satanás tenta de
todos os modos corromper a singeleza e sinceridade da fé em Cristo,
atacando a mente e o coração dos futuros pastores (2Cor 11:3). Usando
professores sem fé e professores sem vida espiritual, ele procura minar
as convicções, a certeza, o fervor e a dedicação dos jovens que se
preparam para o ministério. Aqui é pertinente o lema de Calvino, orare
et labutare. Pela oração, os seminaristas poderão escapar da tendência
dos estudos teológicos de transformar nossa fé em um esquema doutrinário
seco. E pela labuta nos estudos poderão se livrar das mentiras dos
professores liberais, neo-ortodoxos, libertinos e marxistas.
Por: Augustus Nicodemus
Nenhum comentário:
Postar um comentário