A Veja São Paulo publicou neste final de semana a edição 2304, de 16 de Jan de 2013, a matéria de capa "Profissão Pastor". A chamada da matéria diz:
Acompanhamos um curso de formação de mão de obra evangélica
Em troca de dedicação integral, quem segue carreira pode ganhar um salário de até R$ 22.000 por mês
Que impressão
se tem ao ler uma chamada como esta? Que ser pastor, não importa onde, é
um negócio, e até bom, afinal, são poucos os ganham salários dessa
monta. Veja
mostra mais uma vez parcialidade ao trazer a informação ao público,
selecionando de forma maliciosa o que diz e dando um quadro falso a
respeito da verdade como um todo. Não que o conteúdo da matéria em si
seja mentiroso. Aliás, não tenho nem como avaliar, mas posso imaginar
que seja fato. O que traz o arrepio a respeito, além do erro logo no
começo, ao citar uma das pessoas com quem teve contato (“Que Deus abra o caminho contra as sílabas do maligno” - certamente deveria ser "ciladas")
é que a reportagem não passa de uma generalização. Ou seja, além das
igrejas mencionadas, existem muitas outras, sérias e comprometidas com a
formação acadêmica e pastoral dos seus ministros e que não fizeram e
nem fazem do pastorado uma profissão. Que se fizesse ao menos uma
ressalva... mas, nada é dito. Que existem aqueles que fizeram de igrejas
comércio, é fato. Que tornaram seus pastores comerciantes, não é o meu
ponto aqui. Minha indignação é que o leitor, depois de ler a VEJA SP,
olhe para todos os pastores da maneira como descrito pela revista. Pois
bem, para que se saiba, e isto já escrevi como carta para a revista,
veja como é que se forma um pastor na Igreja Presbiteriana do Brasil:
2. precisa se apresentar diante do conselho da igreja e ser reconhecido por este como
alguém vocacionado.
3. o conselho da igreja local deve testar este que aspira ao ministério pastoral. É costume da minha igreja local enviar este jovem para um instituto bíblico antes de enviar ao seminário (1 a 2 anos).
4. se aprovado, é enviado ao presbitério, que o examina teologicamente e exige exames e atestados físicos e psicológicos. Chega como aspirante e, caso aprovado, torna-se candidato ao ministério.
5. o presbitério deve enviá-lo a um seminário da denominação para um curso teológico que
dura entre 4 e 5 anos (matutino ou noturno) no qual deve aprender, entre dezenas de disciplinas, as línguas hebraica e grega (as línguas originais em que o Antigo e Novo Testamentos foram majoritariamente escritos). A entrada é feita por uma espécie de vestibular que testa a capacidade intelectual e o conhecimento geral do candidato.
6. durante o período de candidatura é designado um tutor ao candidato que deve se assegurar dos aspectos diversos da vida espiritual, emocional e os estudos do candidato, vendo para que mantenha um padrão digno do Evangelho de Cristo.
7. depois do curso teológico o candidato apresenta-se ao presbitério com seu diploma de Bacharel em Teologia e deve fazer uma série de exames diante do presbitério (orais e escritos).
8. se aprovado o presbitério pode licenciar este candidato para a obra pastoral, ainda em um período de experiência que pode durar de um a dois anos.
9. o licenciado, depois deste período é novamente examinado pelo presbitério e então pode ser ordenado pastor.
Este
processo todo tem como finalidade testar se aquele que se apresenta
como candidato ao ministério pastoral preenche os requisitos bíblicos
para ser pastor, como os descritos em 2 Timóteo 3.
Em
um comentário a respeito desses passos alguém chegou a dizer: "assim,
nem Jesus poderia ser pastor nesta igreja". Ora, a questão é que não
estamos examinando Jesus, mas homens que precisam, antes de mais nada,
mostrar idoneidade ao transmitir a Palavra de Deus e trabalhar com a
vida das ovelhas de Cristo.
Sim,
tem custo, que normalmente é arcado pela igreja, presbitério e o
candidato. Não, o salário médio de um pastor da Igreja Presbiteriana do
Brasil está muito longe de 22 mil reais. Vamos convidar o repórter da Veja SP para ver se passa neste!
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