Wallace Sousa
Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe
estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à
destra do trono de Deus. Hebreus 12:2
Desde pequeno – digo: desde novo, porque pequeno ainda sou, exceto pelo
tamanho do bucho (risos) – tenho paixão e admiração por armas de
precisão, daquelas que tem miras telescópicas, que possibilitam atingir
um alvo a grande distância. Modéstia à parte (ou modéstia em parte, pra
não gastar tudo, já que modéstia é algo que não tenho muita… hehe), eu
atirava bem. Claro, depois de um tempo sem treinar, quando eu atirava de
novo, acertava bem também: bem longe do alvo (para ser mais preciso, se
é que você me entende).
Mas, uma coisa que eu sempre soube quando atirava e que só vim a
descobrir o porquê quando me converti, é que só acerta o alvo quem
coloca a cruz no centro. Quando eu atirava, era regra: quer acertar?
Olhe para a cruz e coloque seu alvo (ou objetivo) bem no centro dela.
Chances de acerto? 99,9% que você vão atingir seu objetivo. E se você
deixar a cruz de lado, o que acontece? As chances de acerto caem para
0,01%!
Sabe o que eu aprendo com isso? Que muitos não estão atingindo seus
alvos e objetivos porque estão desprezando a cruz. Deixar a cruz de lado
pode estar sendo a causa de muitos sonhos frustrados e projetos
fracassados que vemos por aí, mesmo na igreja. Recebi, logo depois de
sua publicação, um comentário que me deixou triste e alegre ao mesmo
tempo, no post Ainda existem crentes fiéis?
Peraí, como assim triste E alegre ao mesmo tempo? Calma que eu explico:
fiquei triste porque ele contou por alto as angústias, dores e
tribulações pelas quais vem passando nos últimos meses. E sempre fico
tocado quando vejo – ou leio – pessoas comentando sobre as dificuldades
que passam. Eu realmente me entristeço quando fico sabendo dessas
coisas, pois – em parte, eu me sinto participante dessas aflições, seja
por já ter passado por algo semelhante, ou por conhecer alguém próximo
que passou. Ou, ainda, por pura solidariedade mesmo: eu fico me
colocando no lugar da pessoa – e se fosse comigo?
Ok, você já deve ter entendido o porquê de eu ter ficado triste, mas e
por que isso também me deixou alegre? Pelo que ele escreveu, não deveria
eu ficar alegre e grato a Deus? Observe como foi e veja se não tenho
razão em demonstrar esses sentimentos paradoxais – ainda que ao mesmo
tempo:
"Olá, Wallace, boa noite.
Vc tem me motivado muito. Queria poder estabelecer contato com vc. Estou
passando por uma situação complicadíssima que envolve negócios,
traições, mentiras, danos morais etc… Cometi o grande pecado de confiar
no inimigo. Perdi tudo, mas tudo mesmo. Namorada, “amigos”, dinheiro,
enfim um futuro. E ganhei muitas dívidas. Com apenas 25 anos me vejo num
grande dilema. Cometi muitos erros e agora meu passado me assombra. Fui
posto para fora da minha própria empresa. Algo assustador sabe. Me
sinto um covarde. Não posso fazer muita coisa, confiei demais. A justiça
dos homens é muito falha. Sabe a sensação de ver o inimigo zombando
contigo, sorrindo, invertendo os papeis, dizendo-se vítima quando é o
algoz, sem que vc possa fazer nada e todos acreditando nele… é incrível
como dói. Muita vergonha. Estou muito deprimido. Minha vida acabou.
Estou desmoralizado completamente. Neste mundo a mentira sempre vence.
Satanás venceu. Só vejo uma coisa positiva em tudo isso: me voltei para
Deus, eu andava desviado. Mas tá difícil demais acreditar. Queria ter
mais fé. Quero dar a volta por cima. É uma daquelas causas impossíveis.
Por favor, queria uma palavra sua, uma orientação. Sua história é muito
motivadora. Um abraço."
Agora, me responda, com sinceridade: tenho ou não tenho motivos para ficar tanto triste como alegre com um comentário desses?
Agora, vamos tentar analisar a situação de nosso amigo Antonio (entenda
como um pseudônimo). Ele errou? Sim, errou. Mas, quem não erra? Ei, não
olhe pra mim! Eu erro SIM, e não é pouco não… Ele tomou decisões
erradas? Sim, infelizmente, tomou. Mas, e quem já não tomou decisões
erradas, não é verdade? Eu poderia citar várias outras coisas que ele
errou, mas isso não iria ajudá-lo, concorda? Mas, uma coisa que ele
jamais imaginaria era que deixar de olhar para a cruz poderia ser tão
danoso, e trazer tanto prejuízo. Mas, quem imaginaria?
Mas, espere! Ele disse algo interessante: ele se voltou pro Senhor! Ele
está – novamente – olhando para a cruz. Quais as chances de ele acertar o
alvo, a partir de agora? Altas, MUITO altas! Antonio, se você continuar
olhando para a cruz, suas chances de acertar são muito grandes, meu
filho! Sim, pode crer: se você continuar focado na cruz, você vai
conseguir atingir o alvo. E, agora que você já sabe que é capaz, por que
não tentar mais uma vez, sabendo onde mirar? risos
Sim, Antonio: você já foi bem-sucedido. Por que fracassou? Porque deixou
de mirar o alvo pelas lentes da cruz! Mas, sabendo qual é seu alvo, se
mirar direitinho agora, colocando seu alvo atrás da cruz, você tem
alguma dúvida de que não vai acertar? Eu não.
Veja, eu também já errei o alvo – uma pequena observação: errar o alvo,
em hebraico, é o mesmo que pecar, capice? E, se você diz que já leu
vários textos meus, já deve ter lido quando eu pensei em desistir, mas
desisti de desistir? Sim, eu sei que ficou confuso… risos, mas se você
entendeu, é o que vale.
Antonio, não deixe o diabo fazer você acreditar nessa mentira de que
você é o perdedor e ele o vencedor. Hoje, você está de posse da maior
vitória que pode existir em todo o universo: a vitória de Jesus na cruz.
E ele, ora ele não tem futuro, coisa que você tem e terá! Vai ficar
dando ouvidos a um sem-futuro, Antonio? Cai na real, brother: em Cristo,
Deus te fará mais que vencedor. Você tem a eternidade pela frente, e
suas derrotas do passado são insignificantes comparadas a isso.
Agora que falamos bastante de cruz com sentido de mirar no alvo, vamos pensar em outra aplicação para a cruz: alinhamento.
A cruz me possibilita alinhar meu querer à vontade de Deus
azulejo-banheiro
Existem algumas [muitas] coisas que não sei fazer bem: tocar violino e
piano, pintar quadros, escrever músicas e cantar… são tantas emoções.
Ufa, a lista é grande, e vou parar por aqui senão me faltarão… palavras
para descrever a situação! (risos)
Mas, dentre minhas incapacidades, está ser um bom pedreiro. Um bom
pedreiro, entre outras coisas, sabe assentar azulejos, de modo que eles
fiquem bem alinhados entre si e com o teto (acima), a parede (laterais) e
o piso (abaixo). Certa vez eu vi um desses trabalhando, e fiquei
curioso quando vi algumass pequenas cruzes de plástico que acompanhavam o
pacote de argamassa.
Curioso que só (ou sou – ou ambos…) eu, perguntei o que era aquilo
(doh!) e para que servia. A simplicidade da resposta me impressionou: as
cruzes serviam para alinhar os azulejos entre si, pois quando um era
assentado, já na devida posição, os demais facilmente seguiam a mesma
linha apenas encaixando-se aquelas pequenas cruzes em seus cantos, de
modo que os demais estariam sempre na mesma distância uns dos outros.
Ah, assim até eu né… risos
E o que esses espaçadores de azulejos (cruzes) me ensinam? Uma simples, mas importante lição:
cruzes-plastico-aulejo
Para alinhar nossa vida à vontade de Deus (acima) e, ao mesmo tempo, não
perdermos o contato com nossos semelhantes (ao lado) a vida material
(abaixo), é necessários encaixarmos a cruz entre nós, Deus, as pessoas
e, claro, as coisas. Sem a cruz para nos balizar, ficaremos desalinhados
com a vontade de Deus, com nossos relacionamentos pessoais e no trato
com as coisas. É necessário saber manter a devida distância – ou
proximidade – entre tudo isso.
Acredito que você deve ter percebido, quem sabe visto pessoalmente,
algum banheiro ou cozinha onde os azulejos estavam desalinhados, e como
isso deixa qualquer parede feia. Pode ser o azulejo mais bonito, mas um
assentamento mal feito vai macular toda sua beleza. Ao contrário, um
azulejo nem tão bonito, mas bem colocado e alinhado, tem toda uma beleza
intrínseca presente em seu harmonioso conjunto.
Não adianta: azulejo desalinhado mostra, invariavelmente o seguinte:
alguns estão próximos demais, e outros distantes demais. Aproximar-se
demais das coisas vai afastá-lo da pessoas. Dizer que, por estar próximo
demais de Deus, isso lhe dá permissão para ignorar as pessoas ao redor,
é uma grande ilusão: Jesus vivia entre as pessoas, principalmente as
mais necessitadas, mas sabia manter a adequada distância delas, quando
era necessário voltar à presença do Pai.
Você quer encontrar o meio-termo, a distância certa ou, ainda, a maneira
correta de lidar com as pessoas, com as coisas e mesmo com Deus? O
segredo para fazer isso bem feito é usar a cruz.
Conclusão
Ao olhar para o Céu, veja-O através da cruz que você não errará o Alvo.
O uso da cruz nos possibilita duas coisas muito importantes na vida:
atingir nossos alvos e alcançar nossos objetivos, e não sair da linha,
não derrapar no meio do caminho. E, quanto mais distantes estejam ou
importantes sejam nossos alvos, maior a importância de se fazer uso da
cruz. E, seja enquanto caminhamos em direção a nosso alvo, ou mesmo
depois de atingi-lo, usar a cruz nos permitirá continuar pavimentando o
caminho do sucesso e solidificando nossas conquistas.
E, para você, Antonio, tenho uma palavra especial. Na verdade, quando li
seu comentário, também fiquei um pouco surpreso além de, claro, grato.
Seu comentário é daqueles raros que recebo que me fazem ver que vale a
pena manter um blog cristão. Eu andava meio desmotivado, isso não é
segredo: até pedi oração por mim, lembra? Aliás, você orou por mim? Não
se preocupe: se não orou, seu comentário foi um incentivo e tanto para
mim – ou seja, deve ter sido resposta de oração de alguém (risos)!
Outra coisa que senti com seu comentário foi um sentimento de
impotência. Sim, impotência. Sabe por quê? Porque não me senti capaz de
te responder… Aliás, sendo mais sincero: eu sabia que não tinha resposta
para você, e isso me deixou um pouco amedrontado. Afinal, o que eu
poderia lhe dizer que pudesse lhe motivar ou erguer seu ânimo? Nada. No
máximo, o mínimo… Então, foi aí que recorri ao Senhor, e pedi que Ele me
desse algo para você.
Pois bem, estou lendo Os 7 estágios da tentação (e está sendo muito bom –
só está faltando colocar em prática… #aff) e, nele, encontrei hoje a
resposta de Deus para você, quando o vinha lendo no ônibus. Quer saber o
que Deus tem a lhe dizer? Vem comigo (ou não saia da poltrona… risos):
“Fui informado de que em
determinado museu há uma pintura chamada Xeque-Mate. O artista pintou um
tabuleiro de xadrez com um jogo em andamento. De um lado do tabuleiro
encontra-se sentado um jovem com um olhar de desespero. Do outro lado,
Satanás, olhando sadicamente. O jogo terminou. Satanás venceu. O jovem
foi derrotado!
De acordo com a história,
certo homem voltava ao museu dia após dia. Ele ficava durante horas
diante da pintura, estudando-a detalhadamente. Finalmente, um dia, ele
deu um grito. ‘Não foi xeque-mate!’, ele gritou. ‘Não foi um
xeque-mate!’ Logo uma multidão se reuniu para ver o que havia
acontecido. Entusiasmado, ele contou: ‘Eu sou um mestre do xadrez.
Estudei este quadro durante dias e, se o jovem mover esta peça para este
ponto, ele escapa do xeque-mate’.
Talvez você se sinta
derrotado neste momento de sua vida. O inimigo se levantou contra você
e, não sabendo como lhe resistir, você caiu na armadilha. Agora sua vida
está uma confusão. Seus relacionamentos mais importantes se desfizeram,
e sua vida pessoal está em cacos. Com crueldade estudada, o inimigo
sugere que Deus lavou suas mãos, que Ele não quer mais nada com você.
Agora você se sente tentado não apenas a duvidar do amor de Deus, mas
também da própria existência dEle. De onde você está sentado parece-lhe
que o xeque-mate é certo.
Se você ficar limitado aos
seus próprios recursos, está acabado. Mas não tem de ser assim. O mestre
eterno do xadrez – Jesus Cristo – pode inverter sua situação. Ele lhe
proporcionará um caminho de escape, se você o invocar. Ele tem um grande
prazer em destruir os planos malignos do inimigo. ‘Para isto o Filho de
Deus se manifestou: para destruir as obras do diabo’”. (1Jo 3.8)
Antonio, isto está escrito nas páginas 70 e 71, não são minhas palavras…
quem dera eu escrevesse assim. Essas palavras são resposta de Deus para
você: não está tudo acabado, ainda resta uma esperança para você. E,
creia, meu irmão, Deus vai lhe dar uma nova chance. É só você crer.
Quando você se levantar dessa cadeira, levante-se sabedor que Deus não o
abandonou, mas que vai mudar sua história e escrever uma nova vida para
você. Você pode crer nisso? Eu creio.
Quero apenas lhe pedir uma coisa: volte aqui para contar sua nova
história, de como Deus mudou o quadro e fez de você um vencedor, ok?
Deus abençoe sua vida, amado. Ah, e obrigado por me pedir uma palavra,
mesmo sem eu ter uma: foi uma porta que o Senhor abriu para abençoar a
sua vida. E a minha também.
Wallace Sousa escreve o Desafiando Limites e é colaborador do Tenda.
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