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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A Escola Cristã: Por quê?

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Por Rev. Herman Hoeksema


O propósito deste panfleto é explicar o porquê mantemos uma Escola Cristã, e
por que cremos ser necessário para pais cristãos fornecerem uma educação cristã aos seus filhos.

A Escola Cristã não é algo novo. Ela tem uma longa e honrável tradição. O que é novo é a aceitação de pais que confessam a Cristo terem os seus filhos educados em escolas das quais a Palavra de Deus é rigorosamente banida. Durante os séculos antes do nascimento de Jesus Cristo, a Palavra de Deus era central na instrução que o povo de Deus dava aos seus filhos, como o próprio Deus ordenou em Deuteronômio 6:6-9. A educação fornecida para as crianças da Igreja durante os 1400 anos entre o tempo dos apóstolos e o tempo da Reforma da Igreja, em 1517 d.C., era permeada com a Palavra de Deus. Neste período, as escolas eram intimamente associadas à Igreja.

Após 1517, os Reformadores, entre os quais Martinho Lutero e João Calvino foram notáveis, estavam de acordo no seu zelo para o estabelecimento de escolas nas quais todas as crianças pudessem receber uma educação. A preocupação deles com as escolas era somente superada por sua preocupação com a própria Igreja. Mas eles eram unânimes em sua insistência de que estas escolas deveriam ser fundadas sobre e governadas pela Palavra de Deus, a Bíblia. Aqueles cidadãos antigos do nosso país que fundaram escolhas e universidades que pretendiam ser cristãs continuaram a longa tradição da Escola Cristã.

O que é uma Escola Cristã?

Uma Escola Cristã não deve ser confundida com uma Escola Dominical, ou com
qualquer outra instituição que existe para dar às crianças instrução na Bíblia. A Escola Cristã é uma instituição que tem a função de instruir as crianças nos vários departamentos do conhecimento que também constitui o currículo da escola pública: literatura, história, ciência, matemática e outros assuntos. Ela faz isto sete horas por dia, cinco dias por semana, durante todo o ano escolar. Isto gera a pergunta: Qual é a característica distintiva da Escola Cristã, que garante sua existência como uma instituição educacional separada? A Escola Cristã certamente começa cada dia com uma oração a Deus e com a leitura da Bíblia. Ela faz isto sob a convicção de que nada que o homem faça é proveitoso, a menos que Deus abençoe tal coisa. Tudo deve ser santificado pela palavra de Deus e a oração” (1Timóteo 4:5). Contudo, estas atividades de oração e leitura da Bíblia, embora sejam importantes, não são as principais razões para a existência da Escola Cristã. A característica distintiva da Escola Cristã está expressa na palavra Cristã. Ela é uma escola que é Cristã em tudo.
Ela tem um fundamento cristão; ela tem professores cristãos; ela dá instrução cristã; ela fornece um ambiente moral cristão; ela tem um objetivo cristão. Tudo isto deve ser brevemente explicado.

A Bíblia é a Palavra de Deus

O ponto de partida é nossa firme fé de que a Bíblia é a Palavra inspirada de Deus. A própria Bíblia ensina isto: “Toda a Escritura é inspirada por Deus...” (2Timóteo 3:16). Como a Palavra de Deus escrita, a Bíblia é a autoridade para a nossa fé e nossa vida. Crer e viver de acordo com a Palavra de Deus é a marca de um cristão. Uma Escola Cristã, portanto, é uma escola que é fundamentada sobre e em todo respeito em harmonia com a Escritura, a Palavra escrita de Deus.

Instrução dos Filhos dos Crentes

Deus em sua Palavra chama aqueles que crêem em Jesus Cristo para criar seus filhos na disciplina e admoestação do Senhor” (Efésios 6:4). A criação ou educação total dos filhos dos crentes deve ser uma criação que tenha Deus como sua fonte, como seu padrão, como seu objetivo e como o seu centro. Ela deve ser uma criação em Jesus Cristo, pois é Jesus quem é o “Senhor”. Ela deve ser cristã. Ao chamar os pais crentes a esta tarefa, o Novo Testamento repete o ensino enfático do Antigo Testamento. Incluso nesta criação piedosa requerida está a educação dos filhos nas escolas. A educação das crianças nas escolas é uma parte importante da criação delas, tanto do ponto de vista da natureza e poder da educação como do ponto de vista da quantia enorme de tempo gasto nesta educação nas vidas das crianças.

A razão do requerimento de Deus para que os filhos dos crentes sejam criados num caminho cristão é a salvação graciosa destas crianças em Cristo. Tanto o Antigo como o Novo Testamento ensina que Deus salva os crentes e os seus filhos. Em Gênesis 17:7, Deus prometeu a Abraão: “para te ser a ti por Deus e à tua semente depois de ti” (ARC). Em Atos 2:39, Pedro assegura aos crentes do tempo do Novo Testamento que para vós outros é a promessa, para vossos filhos...”. Os filhos de pais crentes, pelo apontamento gracioso de Deus, pertencem à Igreja de Cristo, e são considerados e tratados como membros da Igreja nas epístolas do Novo Testamento, por exemplo, Efésios 6:13 e Colossenses 3:20.

Como filhos do pacto, os filhos dos crentes pertencem a Jesus Cristo inteiramente, com tudo o que eles são e com todos os talentos e habilidades que possuem. Ele os comprou, corpo e alma, por sua morte na cruz. Portanto, ele pode legalmente reivindicá-los para si mesmo em sua inteireza. Como filhos do pacto, os filhos dos crentes têm como único propósito de suas vidas o conhecimento e louvor de Deus, que é revelado em sua Palavra e em sua criação.

Toda a instrução dada a estas crianças deve servir para este propósito. 

Ensinando a Verdade

A Escola Cristã é estabelecida para dar aos estudantes uma educação sadia em todos os ramos do conhecimento humano. Ela não é satisfeita com algo menos que um treinamento acadêmico absolutamente abrangente. Para este fim, ela contrata professores qualificados (frequentemente, aqueles com graduações em faculdades e universidade autorizadas pelo Estado); ela usa os melhores livros-textos; ela mantém uma disciplina de sala de aula que mais conduza ao alto grau de aprendizagem; e geralmente faz todo esforço possível para promover a instrução das crianças. Isto está diretamente relacionado com o fundamento da escola. A mente, talentos, habilidades e tempo das crianças são de Cristo e devem ser desenvolvidas e usadas até o máximo, por causa de Cristo.

Em toda esta instrução, contudo, a Escola Cristã está preocupada em ensinar a verdade. Embora a Escola Cristã não exista para dar instrução na Bíblia, tudo da instrução que ela dá em todas as áreas de aprendizagem é baseada na Palavra de Deus, é governada pala Palavra de Deus, e está em harmonia com a Palavra de Deus. Em todo assunto, não somente na “religião”, a verdade é Deus. A verdade sobre cada aspecto desta criação, incluindo os homens e seus feitos, é sua relação com Deus, o Criador, Governador e Juiz do mundo. O que ela revela de Deus, que formou os mundos pela sua Palavra (Hebreus 11:3) e fez todas as coisas para anunciar sua glória (Apocalipse 4:11)? Esta é a questão básica em todo assunto. E é a Palavra de Deus, a Bíblia, que lança luz em cada ramo de conhecimento.

A Bíblia não é um livro-texto para ciência, matemática, história ou qualquer outro assunto acadêmico. Todavia, ela é a base essencial para ensinar a verdade de todos os assuntos. Ela é a base essencial para ensinar a verdade na ciência. Ela condena a teoria da evolução. A evolução não é uma descrição correta e exata de como o mundo veio à existência. Mais do que isto, ela não é a verdade, mas antes uma mentira, no sentido de que nega absolutamente Deus e intenta roubá-lo de sua glória devida. A instrução na ciência que é baseada na Escritura é capaz de dar o verdadeiro relato do princípio do mundo nesta criação por Deus em seis dias. A Bíblia também é a base para o ensino da verdade no campo da história. Ela proíbe representar a história como o desenvolvimento lento (evolucionista!) da raça humana a partir de origens inferiores no mundo animal até chegar num destino sublime em alguma sociedade perfeita sobre a terra. A Escritura revela que a história da raça humana deve ser vista como a vida e o labor de homens que caíram em pecado e que são, portanto, inimigos por natureza de Deus e uns dos outros. As guerras e catástrofes que praguejam a humanidade não males lamentáveis que o homem sobrepujará, mas as conseqüências do pecado e os julgamentos de Deus sobre pecadores. Não há esperança para paz, vida e glória, não a partir do próprio homem, mas a partir de Deus em Jesus Cristo, e a partir dele somente.

Estes são princípios fundamentais da educação.

A expulsão da Bíblia das escolas é proibir a verdade. Ter a Bíblia como a base da instrução faz o ensino da verdade possível. Nas escolas também, “o temor do Senhor é o princípio da saber” (Provérbios 1:7, ARA).

O Ambiente Moral da Escola

Sem negar que a responsabilidade de instruir os filhos como eles devem viver moralmente pertence ao lar e à Igreja, a escola inevitavelmente se engajará em algum grau de treinar as crianças em comportamento e conduta. De fato, a escola em sua totalidade possuirá certo ambiente moral no qual as crianças trabalham e brincam. A própria instrução deve tender para influenciar as atitudes e comportamentos éticos das crianças. Quando tudo da instrução é centrado em Deus, o amor e o temor de Deus são provocados nos corações das crianças. Em adição, a Escola Cristã aponta para a criança que em todos os relacionamentos da vida ela é chamada a amar e temer e, portanto, obedecer a Deus. Este é o próprio fundamento da moralidade. Como resultado de amor para com Deus e o seu Cristo, ele honrará seus pais, se submeterá aos seus professores, se sujeitará ao Estado, viverá puramente, amará seus próximos no pátio de recreio, e se dedicará ao máximo em seus estudos. 

Por esta razão, a Escola Cristã não é uma ameaça ao Estado. Ela demonstra, de maneira urgente e consistente, às crianças e aos jovens que eles devem se submeter à autoridade do governo, honrar as autoridades (do presidente ao policial local), e a fazer tudo isto “não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência” (Romanos 13:5, ARA). A Escola Cristã abomina as revoluções atuais entre os jovens e nas escolas, e não as tolerará. Ela treina os jovens para serem cidadãos que cumpram o seu dever para com o Estado de bom grado.

A Responsabilidade de Educar

Visto que o chamado de Deus chega aos pais para instruir os seus filhos, é a responsabilidade dos pais fornecer a educação dos seus filhos. Em Efésios 6:4, a Palavra de Deus diz: “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os (seus filhos) na disciplina e na admoestação do Senhor”. Isto está em harmonia com o fato de que Deus dá os filhos aos pais e o fato de que os filhos pertencem aos pais. 

A Escola Cristã faz justiça a esta responsabilidade paternal, pois a educação dos seus filhos nesta é estabelecida, mantida e governada por uma associação de pais. É esta associação, e assim, os próprios pais, que tem e exerce a autoridade sobre a escola inteira, sua instrução e operações. Os pais são capazes, portanto, de ver pessoalmente que a Escola é e permanece em cada aspecto cristã. Nem este é um assunto incidental. A crise atual nas escolas de nosso país deve-se, em parte, ao fracasso dos pais em cumprir sua responsabilidade, escolhendo, ao invés disso, jogar o dever da educação sobre o Estado e seus instrutores.

Não devemos ver esta tarefa como somente uma responsabilidade. Ela é uma obra e um privilégio prazenteiro.

A Recompensa

Há dificuldades especiais envolvidas na manutenção de Escolas Cristãs. Uma é o fardo financeiro extra. Os pais devem pagar o dobro. Eles pagam o sustento de Escolas não-cristãs do Estado, e eles pagam as Escolas Cristãs. Mas o sacrifício não é digno de ser comparado com a recompensa.

A recompensa está implicada no provérbio: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele” (Provérbios 22:6). É uma obra prazerosa ser instrumento no treinamento de filhos do pacto, para que eles vivam e trabalhem neste mundo como aqueles que vêem e buscam o Senhor nosso Deus em tudo. É um privilégio se esforçar ao máximo para que as crianças e os jovens não ignorem nem neguem a Deus nas “coisas terrenas”, mas, em e com todas as coisas “terrenas”, confesse o nome de Deus e faça tudo para a sua honra.

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Fonte: PRCA - Protestant Reformed Churches in America
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto
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