Cinco Votos para Obter Poder Espiritual.
Primeiro - Trate Seriamente com o Pecado. Segundo - Não Seja Dono de Coisa Alguma. Terceiro - Nunca se Defenda. Quarto - Nunca Passe Adiante Algo que Prejudique Alguém. Quinto - Nunca Aceite Qualquer Glória. A.W. Tozer
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
Castelo Forte - Vencedores por Cristo
Para comemorar os 497 anos da Reforma, nada melhor que esse belo hino de Martinho Lutero.
Existem espíritos de adultério, prostituição, embriaguez e vícios?
Uma crença que foi amplamente difundida pelo movimento de batalha espiritual americano a partir da década de 60, e que se tornou muito popular no meio evangélico pentecostal e neopentecostal são os famosos "espíritos do adultério, de prostituição, da embriaguez e dos vícios". É muito comum vermos pastores e cristãos pentecostais e neopentecostais com o hábito de orar no seu dia a dia caso se deparem com alguma situação que seja necessário a “repreensão ou a amarração” destes “espíritos malignos”. Vemos também nos “cultos de libertação”, “orações de guerra” em forma de “chavões ou jargões”, do tipo: espírito do adultério, de prostituição, da embriaguez e dos vícios - saia desta vida para nunca mais voltar!
Quem nunca presenciou, viu e ouviu alguém fazer uma “oração” desse tipo? Acredito que todos nós! Todavia, se estudarmos as Escrituras, especialmente o Novo Testamento diligentemente e meticulosamente, iremos perceber que não existe um texto sequer que aponte que adultério, prostituição, embriaguez e vícios de todo o tipo sejam espíritos malignos. Em contrapartida, os mesmos são classificados por Paulo em Gálatas 5.19-21 como “obras da carne”, isto é, pecados oriundos da nossa própria natureza pecaminosa, e não espíritos malignos (para inveja, que também é um pecado, e não um espírito maligno, veja 1Pe 2.1).
Augustus Nicodemus Lopes corrobora que os demônios denominados pela batalha espiritual como sendo demônios da lascívia, do ódio, da vingança, da embriaguez, da inveja e assim por diante, não aparecem no Novo Testamento. Essas coisas são, na verdade, as obras da carne mencionadas por Paulo em Gálatas 5.19-21. A solução para esses pecados não é expulsar demônios que supostamente os produzem, mas arrependimento, confissão e santificação.
Senão vejamos o que Tiago diz acerca deste assunto.
"Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça [e não por demônios primariamente, porém estes podem influenciar na tentação em segundo plano] sendo por esta arrastado e seduzido. Então a cobiça, tendo engravidado, dá à luz o pecado; e o pecado, após ter-se consumado, gera a morte." - Tiago 1.14-15 (NVI)
Jesus disse:
Jesus disse:
Mateus 5.18-19 – Mas as coisas que saem da boca vêm do coração, e são essas que tornam o homem ‘impuro. Pois do coração saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias. (NVI)
Paulo, por sua vez, escreve:
"Não sabem que, quando vocês se oferecem a alguém para lhe obedecer como escravos, tornam-se escravos daquele a quem obedecem: escravos do pecado que leva à morte, ou da obediência que leva à justiça?" Romanos 6.16 (NVI)
Vejamos ainda outro exemplo descrito por Paulo que irá elucidar melhor a nossa compreensão.
"Por toda parte se ouve que há imoralidade entre vocês, imoralidade que não ocorre nem entre os pagãos, a ponto de alguém de vocês possuir a mulher de seu pai. E vocês estão orgulhosos! Não deviam, porém, estar cheios de tristeza e expulsar da comunhão aquele que fez isso? Apesar de eu não estar presente fisicamente, estou com vocês em espírito. E já condenei aquele que fez isso, como se estivesse presente. Quando vocês estiverem reunidos em nome de nosso Senhor Jesus, estando eu com vocês em espírito, estando presente também o poder de nosso Senhor Jesus Cristo, entreguem esse homem a Satanás, para que o corpo seja destruído, e seu espírito seja salvo no dia do Senhor." 1 Coríntios 5.1-5 (NVI)
Vemos que, não somente nas cartas de Paulo, mas em todo o Novo Testamento, os escritores bíblicos enfatizam muito mais a questão de pecados da carne ao invés de espíritos malignos ou possessão, haja vista que existem casos de possessão e de espíritos malignos atuando na vida de uma pessoa. Conforme é dito no texto, um jovem que fazia parte da igreja de Corinto estava mantendo relações sexuais com a mulher de seu pai, isto é, a sua madrasta, diz Paulo.
Apesar deste pecado, o apóstolo não disse que este jovem estava possuído ou influenciado pelo espírito da imoralidade, e, tampouco, ordenou que fizessem uma oração de libertação com imposição de mãos neste jovem, mas que o entregassem a Satanás; ou seja, que ele fosse expulso da comunhão da igreja para ser disciplinado por Deus através de Satanás, se arrependesse do seu pecado e retornasse a fé. A imoralidade ou a fornicação, contudo, é um pecado grave contra o nosso corpo, que é o templo do Espírito Santo (veja 1 Cor 6.18-20).
Entretanto, apesar do adultério, prostituição ou fornicação, embriaguez, vícios e inveja serem pecados da carne, contudo, a pessoa que prática estes pecados pode vir dar ocasião aos espíritos malignos para atuarem em sua vida, uma vez que eles [os espíritos malignos] podem, depois que a pessoa cedeu a sua vontade pecaminosa a estes pecados, influenciá-la e escravizá-la nestes e em outros pecados.
Entretanto, apesar do adultério, prostituição ou fornicação, embriaguez, vícios e inveja serem pecados da carne, contudo, a pessoa que prática estes pecados pode vir dar ocasião aos espíritos malignos para atuarem em sua vida, uma vez que eles [os espíritos malignos] podem, depois que a pessoa cedeu a sua vontade pecaminosa a estes pecados, influenciá-la e escravizá-la nestes e em outros pecados.
"'Quando vocês ficarem irados, não pequem'. Apaziguem a sua ira antes que o sol se ponha, e não deem lugar ao diabo." Efésios 4.26-27 (NVI)
Concluímos, então, que, as supostas “orações de libertação” que muitos pastores e cristãos fazem expulsando os espíritos do adultério, prostituição, embriaguez e dos vícios, e o também famoso espírito da depressão [que é um transtorno ou uma doença mental, e não um espírito maligno] é antibíblico e, portanto, uma prática que deve ser diametralmente rejeitada.
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Nota:
1. Augustus Nicodemus Lopes. O que vocêprecisa saber sobre Batalha Espiritual, pág 69.
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Fonte: Bereianos
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Fonte: Bereianos
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Pesquisa mostra as heresias mais comuns nas igrejas modernas
Pesquisa mostra que evangélicos não conhecem doutrinas básicas, a mais recente pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas LifeWay é intitulada “Americanos acreditam no céu, inferno e em algumas heresias”. Encomendada pela Ligonier Ministries e publicada ontem (28), recebeu destaque em vários sites de conteúdo evangélico.
O material revela que muitos evangélicos americanos têm opiniões “heterodoxas” sobre a Trindade, a salvação, e outras doutrinas. Segundo os padrões dos conselhos mais importantes da Igreja primitiva, essas posturas seriam consideradas heréticas.
Os pesquisadores fizeram 43 perguntas sobre fé, abordando temas como pecado, salvação, Bíblia e vida após a morte. A pesquisa feita com 3 mil pessoas tem uma margem de erro de 1,8% e seu nível de confiança é de 95%.
As principais conclusões do estudo são que embora a imensa maioria – 90% dos evangélicos e 75% dos católicos – acredite que o céu é um lugar real, cerca de 19% dos evangélicos (67% dos católicos) acreditam que existem outros caminhos para chegar lá que não seja através da fé em Jesus.
As principais conclusões do estudo são que embora a imensa maioria – 90% dos evangélicos e 75% dos católicos – acredite que o céu é um lugar real, cerca de 19% dos evangélicos (67% dos católicos) acreditam que existem outros caminhos para chegar lá que não seja através da fé em Jesus.
Por outro lado, 55% dos evangélicos dizem que o inferno é um lugar real, contra 66% dos católicos. Na média, os americanos não parecem muito preocupados com o pecado ou em irem para o inferno depois de morrer. Dois terços (67%) dizem que a maioria das pessoas são basicamente boas, apesar de todos os seus pecados. Apenas 18% acredita que até mesmo pequenos pecados podem resultar em condenação eterna, enquanto pouco mais da metade (55%) dizem que Deus tem “um lado irado”.
A importância desse tipo de levantamento é a grande influência que a igreja americana tem sobre a maioria das igrejas do mundo ocidental. Segundo Stephen Nichols, diretor acadêmico da Ligonier, os dados mostram “um nível significativo de confusão teológica”. Muitos evangélicos não têm visões em harmonia com a Bíblia sobre Deus ou os seres humanos, especialmente em questões de salvação e do Espírito Santo, acrescentou.
Alguns pontos têm variação expressiva dependendo da tradição teológica a que a pessoa entrevistada pertence. Porém, em algumas questões os resultados surpreendem. Em alguns casos, o problema parece ser mais a falta de informação.
Menos da metade (48%) acredita que a Bíblia é a Palavra de Deus, sendo que 50% dos evangélicos e 49% dos católicos dizem que ela é “útil, mas não uma verdade literal”.
Menos da metade (48%) acredita que a Bíblia é a Palavra de Deus, sendo que 50% dos evangélicos e 49% dos católicos dizem que ela é “útil, mas não uma verdade literal”.
Ao mesmo tempo, por exemplo, apenas 6% dos evangélicos acham que o “Livro de Mórmon” é uma revelação de Deus, enquanto outros 18% “não tem certeza e acham que pode ser”. Possivelmente desconhecem que os mórmons são uma seita e que, para eles, Jesus e o Diabo são irmãos, filhos do Deus-pai, que vive em outro planeta.
Perguntados sobre a natureza de Jesus, um terço (31%) disse que Deus, o Pai é mais divino do que Jesus, enquanto 9% não tinham certeza. Além disso, 27% dizem que Jesus foi a primeira criação de Deus, e outros 11% não tinham certeza.
No segundo e terceiro século, proeminentes teólogos e líderes da igreja debateram por muito tempo sobre a natureza. O concílio ecumênico da Igreja em Nicéia, no ano 325, e o concílio ecumênico de Constantinopla, em 381 declararam sua rejeição a qualquer ensinamento que defendia que Jesus não era um com o pai, da mesma substância. Logo, tratar Jesus como um ser criado e menor que Deus-Pai não é um ensinamento cristão, embora permaneça sendo ensinado por seitas como os mórmons e os Testemunhas de Jeová.
Na mesma época, concílios ecumêmicos também esclareceram que a Trindade era composta por Pai, Filho e Espírito Santo, sem diferença de essência ou hierarquia entre eles. Quando questionados sobre a pessoa do Espírito Santo, os evangélicos de 2014 revelam posturas ainda problemáticas. Mais da metade (58%) disse que o Espírito Santo é uma força, não uma pessoa. Enquando 7% disse não ter certeza. Sobre o Espírito Santo ser menos divino do que Deus Pai e Jesus, 18% concordaram e o mesmo percentual respondeu “não sei”. Já dois terços dos católicos (75%) responderam acreditar que o Espírito Santo é apenas uma “força divina”.
A natureza humana e a salvação são outras áreas que mostram confusão nas respostas. Dois em cada três evangélicos (71%) dizem que uma pessoa será salva se buscar a Deus primeiro, e depois Deus responde com sua graça. Uma percentagem semelhante (67%) disse que as pessoas têm a capacidade de se converter a Deus apenas por sua própria iniciativa. Ao mesmo tempo, mais da metade (56%) disse que as pessoas têm de contribuir para a sua própria salvação.
Essa parece ser a questão que ainda suscita mais debate. A tradição mais comum entre católicos romanos, ortodoxos e aguns ramos protestantes defende que os seres humanos cooperam com a graça de Deus na salvação. O ensinamento cristão histórico em todos os ramos é que qualquer ação por parte do homem será apenas uma resposta à obra do Espírito de Deus.
Ao serem perguntados sobre a igreja local, 52% acreditam que não há necessidade de pertenceram a uma igreja, pois buscar a Deus sozinho tem o mesmo valor que a adoração comunitária. Ao mesmo tempo, 56% disseram crer que o sermão do pastor não tem “qualquer autoridade” sobre eles. Quarenta e cinco por cento dos entrevistados acredita que tem o direito de interpretar as Escrituras como quiserem.
Teólogos comentam
A revista Christianity Today consultou teólogos sobre os resultados da pesquisa. Para Nichols, a Ligonier apenas está verificando o que muitos pastores já sabem: as pessoas não conhecem sua fé a fundo.
Timothy Larsen, professor do pensamento cristão no Wheaton College, afirma que isso só poderá ser revertido com mais discipulado bíblico. John Stackhouse, professor de teologia no Regent College, em Vancouver, é enfático: “Um sermão no domingo e um estudo bíblico simples durante a semana não é suficiente para informar e transformar a mente das pessoas para seguirem a teologia cristã ortodoxa.”
Ele acredita que é preciso mais empenho dos que pregam para deixar claro o que a Bíblia ensina sobre essas questões-chaves. Opinião parecida tem Beth Felker Jones, professora de Teologia no Wheaton College: “Os líderes da Igreja precisam ser capazes de ensinar a verdade da fé com clareza e precisão, e nós precisamos ser capazes de mostrar às pessoas por que isso é importante para as nossas vidas.”
Howard Snyder, ex-professor de em vários seminários conhecidos, enfatiza que a doutrina da Trindade não é um “conceito teológico abstrato, mas uma verdade cristã fundamental que nos informa sobre o Deus que adoramos, que somos como seres humanos, e toda a criação”.
Na análise do diretor da LifeWay, Ed Stetzer, o evangélico médio “gosta de acreditar em um tipo de Deus quase cristão, com doutrinas incompletas”.
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Fonte: Gospel Prime
Uma igreja para exilados
Por que o Cristianismo Reformado fornece a melhor base para a fé nos dias de hoje
Nós vivemos em um período de exílio. Pelo menos para aqueles entre
nós que defendem as crenças cristãs tradicionais. A estridente retórica
do cientificismo tem feito a fé no sobrenatural parecer ridícula. A
pílula, o divórcio sem culpabilidade e, agora, o casamento gay tem feito
a ética sexual tradicional parecer antiquada na melhor das hipóteses e
um discurso de ódio na pior. A esfera pública ocidental já não é um
lugar do qual os cristãos sentem que fazem parte com algum grau de
conforto.
Para os cristãos nos Estados Unidos, isso é particularmente
desorientador. Na Europa, o cristianismo foi empurrado para as margens
por vários séculos – a maré da fé recuou “com trêmula e lenta cadência”.
Na América, o processo parece estar acontecendo muito mais rápido.
Também está sendo guiado por questões que poucos preveriam que teriam
tal força cultural. É certamente uma ironia tão inesperada quanto
indesejável que o sexo – aquele ato mais privado e íntimo – tenha se
tornado a questão de política pública mais urgente hoje. (Quem poderia
ter imaginado que políticas a respeito de contracepção e leis permitindo
o casamento homossexual se apresentariam como os desafios mais sérios à
liberdade religiosa?). De fato, nós estamos sendo exilados, embora não
seja um exílio que nos mova aos limites geográficos. É um exílio à
irrelevância cultural.
O evangelicalismo americano e o catolicismo romano começam esse
exílio com muita bagagem. O evangelicalismo tem amplamente se unido à
visão dos EUA como uma nação cristã de coração, um conceito que remonta
aos primeiros colonizadores da Nova Inglaterra. Uma propaganda da Bíblia do Patriota Americano (2009)
orgulhosamente gaba-se de “conectar os ensinos da Bíblia, a história
dos Estados Unidos e a vida de todo americano” enquanto “belas páginas
internas coloridas destacam o povo e os eventos que demonstra as
qualidades piedosas que tornaram a América grande”. Todavia, uma nação
onde o vocabulário de “escolha” e “liberdade” tem sido assaltado por
infanticídio, pela desconstrução do casamento e por uma licença
aparentemente ilimitada para publicar pornografia é muito obviamente impiedosa. Essa é uma verdade dura para aqueles que creem que a América pertence a eles por direito.
O monge que não era bom o suficiente
Foi há pouco mais de 500 anos, no outono de
1510, que um monge Católico Romano desesperado fez o que ele pensava
que seria a peregrinação espiritual mais importante de sua vida.
Ele havia se tornado monge cinco anos antes, muito para a surpresa e
espanto de seu pai, que desejava que ele se tornasse advogado. De fato,
foi em seu caminho para casa da faculdade de direito que esse jovem,
então com 21 anos, se viu no meio de uma tempestade severa. Os
relâmpagos eram tão fortes que ele tinha certeza que iria morrer.
Temendo por sua vida, baseado em sua educação Católica Romana clamou por
ajuda. “Santa Ana”, ele gritou, “poupe-me e eu me tornarei um monge!”.
Quinze dias depois, ele deixou a faculdade de direito para trás e entrou
em um monastério Agostiniano em Erfurt, na Alemanha.
O temor da morte o levou a se tornar um monge. E foi o temor da ira
de Deus que o consumiu pelos próximos cinco anos – tanto que ele fez, de
fato, tudo o que estava ao seu alcance para aplacar sua consciência
culpada e ganhar o favor de Deus.
Ele se tornou o mais intransigente de todos os monges do monastério.
Se dedicava aos sacramentos, jejuns e penitências. Chegou ao ponto de
realizar atos de autoflagelo como ficar sem dormir, passar noites de
inverno sem se cobrir para dormir e se chicotear, tentando pagar por
seus pecados. Refletindo sobre esse tempo de sua vida, ele diria depois
que “se alguém poderia conquistar o céu pela vida monástica, seria eu”.
Mesmo seu supervisor, o chefe do monastério, se preocupava com o jovem
se tornar muito introspectivo e consumido além da conta com as questões
sobre sua própria salvação.
Mas as terríveis questões não iriam embora.
Esse jovem monge se tornou particularmente fixado no ensinamento do
apóstolo Paulo sobre a “justiça de Deus” no livro de Romanos,
especialmente em Romanos 1.17. Nesse verso, Paulo fala do evangelho:
“visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como
está escrito: O justo viverá por fé”.
Mas o entendimento desse jovem sobre o verso estava obscurecido.
Lendo pela ótica da tradição Católica Romana, ele torcia o significado,
pensando que ele teria que se tornar justo por seus próprios esforços
para poder viver uma vida de fé. Mas havia um problema. Ele sabia que
ele não era justo. Apesar de tudo que ele fazia para conquistar o favor
de Deus, ele sabia que estava aquém do padrão perfeito de Deus.
Assim, como contaria mais tarde, ele passou a odiar a frase “a
justiça de Deus”, porque via nela a sua própria condenação. Ele percebeu
que se a perfeita justiça de Deus é o padrão (e é, obviamente), e se
ele, enquanto homem pecador, não poderia alcançar esse padrão
(obviamente, não poderia), então ele estava completamente condenado.
Assim, frustrado e desesperado, se entrou ainda mais ferventemente às
práticas estritas da vida monástica, tentando ao máximo conquistar seu
caminho à salvação. E ele só ficava mais desencorajado e mais
desesperado.
E foi assim que, cinco anos após se tornar um monge, no ano 1515,
esse homem desesperado fez o que ele pensava ser a peregrinação
espiritual de sua vida. Junto com outro amigo monge, viajou para o
centro do poder e pensamento Católico – a cidade de Roma. Se alguém
poderia ajudá-lo a acalmar a tempestade que se dava em sua alma,
certamente seria o Papa, os cardeais e os sacerdotes de Roma. Além
disso, ele pensava que se prestasse suas homenagens nos altares dos
apóstolos e se confessasse lá, naquela santa cidade, ele asseguraria o
maior perdão possível. Certamente essa seria uma forma de conquistar o
favor de Deus. O jovem estava tão empolgado que, quando primeiro avistou
a cidade, caiu de joelhos, ergueu as mãos e exclamou “Te saúdo, ó santa
Roma! Três vezes santa pelo sangue dos mártires derramados aqui!”.
Mas em breve ele seria severamente desapontado.
Ele tentou se imergir no fervor religioso de Roma (visitando os
túmulos dos santos, realizando atos ritualísticos de penitência, etc).
Mas logo ele percebeu uma alarmante inconsistência. Ao olhar ao redor
para o Papa, os cardeais e os sacerdotes, ele não via qualquer justiça.
Pelo contrário, ele ficou perplexo com a corrupção, ganância e
imoralidade.
Como o famoso historiador da igreja Philip Schaff explicou, o jovem ficou
chocado pela descrença, leviandade e imoralidade do clero. Dinheiro e vida luxuosa pareciam ter substituído a pobreza e abnegação apostólicas. Ele não via nada além de esplendor mundano na corte do Papa [...], e ouviu sobre os escabrosos crimes dos [Papas anteriores], desconhecidos na Alemanha, mas proclamados livremente como fatos indubitáveis na memória recente de todos os romanos… Lhe foi dito que “se havia um inferno, Roma foi construída sobre ele”, e que esse estado das coisas iria colapsar em breve.
Um homem desesperado em uma jornada desesperada, tendo devotado toda
sua vida em busca de autojustiça e legalismo e não encontrando, foi à
Roma em busca de respostas. Mas tudo que encontrou foi falência
espiritual.
Desnecessário dizer que Martinho Lutero deixou Roma desiludido e
desapontado. Relatou que, em sua opinião, “Roma, outrora a cidade mais
santa de todas, agora era a pior delas”. Não muito tempo depois ele iria
desafiar o Papa abertamente, chamando-o de anticristo; condenaria os
cardeais por serem charlatões; e iria expor a tradição apóstata do
Catolicismo Romano pelo que havia se tornado: um sistema destrutivo de
justificação por obras.
A viagem de Lutero a Roma foi um desastre. Apesar disso, foi parte
crítica de sua jornada rumo à fé verdadeira e salvífica. Pouco tempo
depois, o intransigente monge descobriu a reposta para seu dilema
espiritual: se ele era injusto, apesar de seus melhores esforços, como
ele poderia ser feito justo perante um Deus santo e justo?
Em 1513 e 1514, enquanto ensinava no livro de Salmos e estudava o
livro de Romanos, Lutero chegou ao conhecimento da gloriosa verdade que
estava oculta a ele por tantos anos: a justiça de Deus revelada no
evangelho não é meramente o requerimento justo de Deus – do qual todos
os homens estão aquém (Romanos 3.23) – mas também a provisão justa de
Deus, na qual, em Cristo, Deus imputa a justiça de Cristo àqueles que
creem (Romanos 5.1-20).
As palavras do próprio Lutero resumem a gloriosa transformação que essa descoberta causou em seu coração:
Finalmente meditando dia e noite, pela misericórdia de Deus, atentei ao contexto das palavras “visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: ‘O justo viverá por fé’”. Então comecei a entender que a justiça de Deus pela qual vive o justo é um dom de Deus, pela fé… Aqui eu senti como se eu tivesse nascido completamente de novo e tivesse entrado em um paraíso cujos portões estavam finalmente abertos. Um lado completamente novo das Escrituras se abriu para mim… e eu exultava na doce palavra com um amor tão grande quanto o desprezo com que eu odiava o termo ‘justiça de Deus’.
Após uma vida de culpa, após anos lutando para se tornar justo por si
mesmo, após tentar agradar Deus por suas próprias forças e após uma
viagem desanimadora à Roma, Martinho Lutero finalmente entendeu o
coração da mensagem do evangelho. Ele descobriu a justificação pela
graça por meio da fé em Cristo; e, nesse momento, ele foi transformado.
Por Nathan Busenitz
Fonte: Reforma 21
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