- Uma palavra aos evangélicos que têm me perguntado se é apropriada a liderança feminina em um cargo governamental.
A Bíblia definitivamente coloca a responsabilidade de liderar nos ombros
dos homens, mas ela é bem específica em deixar essa questão explicitada
à esfera da família e da igreja. Em minha opinião, há uma diferença
entre se considerar, ou eleger, uma mulher para um cargo civil e uma
mulher para um cargo eclesiástico.
No lar e na igreja o homem deve liderar e isso não significa que a
mulher é inferior a ele. Liderança masculina no lar coloca nos homens a
grande responsabilidade de amar a esposa – como Cristo amou a igreja, ou
seja, com a maior intensidade possível – de ser o supridor principal
das necessidades físicas, a de protegê-la (1 Pedro 3.7 – “... a parte
mais frágil...”). No lar, a mulher tem o papel diferente e nobre de
auxiliá-lo no na criação dos filhos e na organização da casa e da vida
(Provérbios 31). Deve, em harmonia com a Bíblia, acatar essa liderança
ao mesmo tempo em que o exercício dela, para os homens, deve seguir as
diretrizes divinas. Se ele confunde liderança com pressão,
autoritarismo, falta de consideração, ausência de benevolência e amor,
está em pecado e precisa se arrepender e aprender na Palavra de Deus
qual o seu papel e qual a postura que agrada a Deus (Efésios 5.25).
Na esfera eclesiástica, os homens são comissionados diretamente (1
Timóteo 3 e Tito 1) a exercer a liderança, a supervisão. Essas duas
esferas (lar e igreja) são entrelaçadas, quando Paulo ensina que o campo
de provas para que homens sejam colocados como autoridades
eclesiásticas, é exatamente a postura de liderança que têm no lar (o
texto de 1 Timóteo 3.5 diz: “se alguém não sabe governar a própria casa,
como cuidará da igreja de Deus?”). As mulheres podem auxiliar na
condução da administração da igreja, especialmente se forem esposas de
oficiais ordenados, ou em outras capacidades de auxílio e beneficência,
mas a ordenação de oficiais (anciãos/presbíteros e diáconos) é comandada
a homens. Quaisquer outros argumentos que subvertam essa ordem de
liderança, e muitos evangélicos os abraçam, apelam à sociologia, ao
“desenvolvimento” do pensar, ou a outras razões; mas se formos à Bíblia é
essa diretriz que encontraremos.
A Palavra de Deus não é taxativa, entretanto, quanto a esse papel de
liderança na esfera civil (governo e trabalho). Até temos alguns
exemplos, como o de Débora (Juízes 4) – que liderou o povo de Israel,
inclusive em uma feroz batalha, incidente em que, inclusive, a JAEL
(Juízes 4.18-21 e 5.24) teve papel preponderante no livramento do tirano
que oprimia o povo de Deus. No entanto, é bom que fique claro que
quando as mulheres assumem papel forte na liderança, isso ocorre para a
vergonha dos homens. Demonstra uma falta de líderes no meio do povo.
Mesmo no caso de Débora, ela aponta a Baraque que o trabalho era dele.
Ela registra que ele estava “tirando o corpo fora” e que Deus a
utilizaria de forma excepcional (veja Juízes 4.9).
A omissão da liderança masculina, fica demonstrada, em adição, em Isaías
3.12, pois o profeta aponta essa situação até como uma forma de
julgamento da parte de Deus e como uma característica da fraqueza de um
povo, quando registra: "Os opressores do meu povo são crianças, e
mulheres estão à testa do seu governo...".
Mas, como já afirmei, acima, pela falta de uma instrução ou condenação
específica, como é o caso do papel da mulher na igreja (1 Tm 3 e Tito 1)
- para o qual existe uma definição clara - não creio que seja pecado
nem o voto, nem a assunção dessa liderança por uma mulher. Com essas
palavras, não estou endossando ninguém como candidata ideal. Expresso,
apenas, o meu entendimento bíblico, em uma conjuntura (2014) que temos
como concorrentes principais ao posto maior do nosso governo – à
presidência da república – duas mulheres e um homem, suscitando dúvidas
quanto qual deve ser a postura dos evangélicos que procuram pautar suas
convicções e ações pelas diretrizes da Palavra de Deus.
Por: Solano Portela
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