As
pessoas com transtorno de ansiedade generalizada partilham, além de um
vasto conjunto de sinais e sintomas, a ideia errada de que são as únicas
no mundo cujas vidas são assustadoramente comprometidas por níveis de
ansiedade tão horríveis. O sofrimento a que estão habituadas – porque em
muitos casos este é um problema que teve origem na infância – fá-las
pensar que terão de viver assim para sempre, conformando-se com o rótulo
de “nervosas” ou “stressadas”. Habituaram-se a ser diferentes,
acomodaram-se à ideia de que não são como as outras pessoas e, em função
destas crenças irracionais, sofrem muitas vezes sozinhas, ao mesmo
tempo que se queixam da incompreensão daqueles que as rodeiam. E é
efectivamente difícil lidar com alguém que sofra deste transtorno. É
difícil compreender porque é que alguém se deixa dominar por níveis de
ansiedade extremos face a tarefas aparentemente simples e rotineiras. É
difícil compreender o que as leva a processar de maneira tão negativa
determinados estímulos – a vê-los como ameaçadores. É difícil
colocarmo-nos na pele dos outros. E o que fazemos perante a
incompreensão? Em muitos casos, ignoramos, desvalorizamos, ou pior,
fazemos juízos de valor.
Compreender
este transtorno implica aceitar que existem alterações no cérebro
destas pessoas que as impedem de controlar as suas emoções de forma
“normal”. Nestes casos, a vida destas pessoas é marcada por medos
muito intensos, incertezas constantes, preocupações excessivas e, não
raras vezes, por uma luta diária para levar a cabo as tarefas do
dia-a-dia. Para estas pessoas, até podem existir momentos em que não se
sentem completamente consumidas por preocupações, mas a ansiedade está
quase sempre presente, mesmo que não haja nenhuma razão aparente. Por
exemplo, é frequente ouvi-las referirem-se à preocupação intensa com o
bem-estar e a segurança dos seus entes queridos, ou a pressentimentos de
que algo de mau possa estar para acontecer.
Tratando-se de uma perturbação crónica, o tratamento deve ser contínuo. Como
há uma probabilidade relativamente elevada de que aquela pessoa volte a
ficar excessivamente ansiosa, particularmente em função de eventos
stressantes, é importante reconhecer os benefícios que decorrem da ajuda
médica e psicológica. De resto, a assunção de que se precisa de
ajuda é um passo importante para evitar que este transtorno se agrave,
dando origem a outras alterações físicas e emocionais, como a depressão,
o abuso de substâncias, perturbações do sono ou problemas digestivos.
Existem, sem exagero, milhões de pessoas em todo o mundo com transtorno de ansiedade generalizada.
Assumir as dificuldades que estão por detrás desta perturbação não faz
delas pessoas mais fracas. Pelo contrário, é preciso muita coragem para
enfrentar o preconceito e a desinformação. É preciso força para dar os
primeiros passos e falar sobre o problema. É preciso enfrentar barreiras
internas para falar em voz alta sobre a dor emocional e/ ou sobre o
trauma. Tudo isto pode ser muito duro, mas o problema agrava-se quando
não é exteriorizado.
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