São
cada vez mais frequentes os pedidos de ajuda referentes a transtornos
de ansiedade e, destes casos, muitos estão associados a ataques de
pânico. Estes episódios podem surgir de repente, fazendo com que a
pessoa se sinta assustada, bloqueada, impotente.
Como se tratam de picos de ansiedade altamente incapacitantes, é
compreensível que o doente se sinta progressivamente com medo de
realizar as suas tarefas quotidianas, já que teme que possa sentir-se
“mal” fora de casa. Nesta escalada repentina dos níveis de ansiedade a
pessoa pode sentir taquicardia, mãos suadas, aperto no peito, tonturas e/ou visão reduzida.
Naquele momento a sensação é a de que alguma coisa está errada do ponto
de vista físico e há uma necessidade de recorrer à urgência hospitalar –
não raras vezes, a pessoa acha que está a morrer.
Na
maior parte destes casos, o despiste feito no hospital descarta
problemas fisiológicos, pelo que a pessoa é encaminhada para uma
consulta de Psicologia e /ou de Psiquiatria. Como a medicação raramente
produz milagres, é preciso analisar em sede de terapia a história de
vida daquela pessoa, as relações familiares, ajudá-la a lidar com os
pensamentos irracionais e promover a gestão emocional eficaz. Este
processo pode levar algum tempo, pelo que importa saber o que fazer aquando de uma crise de ansiedade.
Em
primeiro lugar, importa que o doente interiorize que há milhões de
pessoas em todo o mundo que padecem deste problema. Não se trata de uma
condição fatal, mas antes de um transtorno que pode e deve ser gerido e tratado.
A gestão começa com a assunção do que se está a sentir e com a
respectiva partilha. A experiência clínica mostra-me que as pessoas que recorrem ao telefone para falar com um familiar, um amigo ou outra pessoa da sua confiança, sentem normalmente algum alívio imediato.
A experiência de poder falar abertamente sobre o mal-estar intenso e/ou
de ouvir alguém do outro lado a desdramatizar a situação é mais
terapêutica do que se possa pensar.
Por
outro lado, mesmo que não seja possível falar com alguém, há algo que o
doente pode e deve fazer: esperar. É verdade! De um modo geral, uma crise de ansiedade dura entre 20 a 30 minutos.
Trata-se de uma reacção psicofisiológica que, tal como acontece quando
sentimos uma cãibra, não vai poder ser instantaneamente interrompida,
mas cuja intensidade vai decrescendo. Com o tempo, a pessoa vai
aprendendo a lidar com estes ataques de pânico, dando-lhes espaço,
aceitando que os pensamentos negativos que a assolam são só isso mesmo –
pensamentos e não factos.
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